Crônica do domingo

Novamente o mágico elixir da juventude
Luciano Siqueira

 

Essa coisa da fonte inesgotável da juventude é muito velha.

Parece um trocadilho. E é.

Na verdade, o sonho de perpetuação da existência humana de certo modo seria inevitável em algum instante do desenvolvimento da ciência e da tecnologia.

O raciocínio parece ser simples: se descobrimos a pólvora, o trem a vapor, a fissão atômica, o avião, a internet e os voos interplanetários... por que não tentar um meio de retardar o envelhecimento ad infinitum?

Outro dia li que um grupo de multimilionários contribui com verdadeiras fortunas em pesquisas com esse intuito.

Vale a pena?

Sinceramente, tenho minhas dúvidas.

Todos sabemos que na Natureza tudo tem o seu ciclo. No mundo mineral e entre os chamados seres vivos de todas as espécies.

Os humanos até que vêm conseguindo prolongar a vida média mercê do progresso científico em várias dimensões.

Eu mesmo me sinto parte dessa imensa leva de idosos que ainda teimam em viver intensamente, plenos de responsabilidades, e por isso mesmo ativos e saudáveis.

Porém não tenho o menor interesse em ultrapassar meu século de vida, desde que caminhando, ouvindo e falando, lendo e escrevendo... e apto a outros tantos prazeres.

Viver, sim; vegetar jamais!

Inspiro-me no caso do jornalista alagoano, típico boêmio e habituado há muitos vícios cultuados em intermináveis noitadas.

Até que um dia, na avaliação do seu médico, o dito cujo teria que parar de beber, fumar e de entrar pela madrugada quase que diariamente em suas prazerosas diatribes, se pretendesse prolongar a vida por mais uns cinco anos.

Nosso boêmio retrucou com absoluta sinceridade: "Doutor, se for assim eu prefiro não viver esses cinco anos que o senhor me oferece. Para quê?"

Os bilhões de dólares gastos agora com essas tais pesquisas pelo prolongamento da vida bem que poderiam ser redirecionados para a melhoria da qualidade da vida que todos nós, comuns mortais, vivemos.

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