06 abril 2022

Crônica da quarta-feira

O ponto G já não é mais o mesmo

Luciano Siqueira

 

Até dias atrás prevaleceu a mística do ponto G, cultuada há décadas.

O dito cujo, também denominado ponto de Gräfenberg, em homenagem ao ginecologista alemão Ernst Gräfenberg, que teve a primazia de identificá-lo, sendo estimulado pode elevar o prazer aos píncaros do Everest.

Correto?

Talvez não exatamente.

Acontece que cientistas norte-americanos acabam de descobrir — não sei se com a devida precisão — que não se trata exatamente de uma área, digamos bem localizada, dita ponto. Trata-se de pelo menos cinco estruturas no tecido vaginal.

Bom ou ruim?

Certamente bom, desde que devidamente sensibilizadas num instante em que o amor e o desejo se entrelaçam e desconhecem limites.

Entretanto, fica sempre uma certa frustração típica de descobertas muito detalhadas acerca da Natureza e das sensações humanas.

Como se revelações científicas reduzissem o romântico espaço da mais pura imaginação — traduzida em verso e prosa.

Ao comentar o assunto, o amigo Epaminondas foi taxativo:

— Quando a ciência esclarece muito, perde a graça!

Será?

Talvez não.

Nesse caso mesmo, se não há apenas uma área sensível, mas cinco áreas ao todo, bem que a volúpia pode alcançar o êxtase quintuplicado.

Acho que sim. A comprovar.

[Ilustração: Tauia Aguiar]

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