06 abril 2022

Leitura indispensável

Rio Vermelho – uma história do Partido Comunista do Brasil

Raízes potiguares do Brasil democrático e progressista desde o Levante 1935

O livro Rio Vermelho é uma viagem pelo tempo, que começa no Rio Grande Norte, um dos pontos do épico Levante de 1935. O episódio não se limitou a Natal. Uma guerrilha na região de Mossoró teve papel de grande importância para a formação de um efêmero governo popular e revolucionário naquele estado.

Das raízes daquela epopeia ergueram-se ramificações frondosas, que não param de crescer, como o cajueiro de Pirangi, no município de Parnamirim, perto de Natal, a árvore gigante que entrou para o Guinness Book – o livro dos recordes – como o maior do mundo. O livro narra essas ramificações entrelaçando a história dos comunistas potiguares com a história do Partido Comunista do Brasil e os principais acontecimentos do país. 

Nesta viagem, o leitor percorrerá o caminho que conduziu o Brasil à atualidade, um trajeto de percalços superados pela tenacidade de lutadores convictos de que o futuro será de paz e justiça social. Verá episódios de bestialidades inomináveis, contrastados por ações abnegadas de comunistas como o médico cirurgião Vulpiano Cavalcanti – que teve os dedos das mãos quebrados para não mais atender ao povo –, o jornalista Luiz Maranhão – desaparecido político depois de brutalmente torturado –, o guerrilheiro do Araguaia Glênio Sá – que por muito pouco escapou da morte por enfrenar a ditadura militar. 

O Nordeste tem singularidades fascinantes, a começar por sua história de bravura, marca de um povo que resiste à opressão com lutas muitas vezes deformadas e até caluniadas, dissociadas da realidade imposta por interesses oligárquicos. São famosas as caracterizações de movimentos de resistência como grupos à margem da lei – a exemplo do cangacerismo –, versões distantes das consequências de relações econômicas e políticas arbitrárias. Com os comunistas não foi diferente.

Ao se analisar a realidade do Nordeste por conceitos científicos, emerge a história de um povo que forjou sua cultura combatendo subjugações cruéis, alicerçadas na origem do Brasil, no monopólio da terra e seus males. O fenômeno é nacional, mas tem particularidades nordestinas. No excelente livro Cangaceiros e fanáticos, o jornalista e pesquisador comunista Rui Facó lista rebeliões em Canudos, Juazeiro, Contestado (ocorrida no Sul do país), Caldeirão, Pau de Colher, Pedra Bonita, todas com traços mais ou menos idênticos.

Na história oficial, observa Rui Facó, são fenômenos extra-históricos, banditismo e fanatismo, que não se ligam aos acontecimentos que fazem parte da evolução nacional e da integração do país como nação, ao lento e deformado desenvolvimento econômico do país. Na versão dominante, os rebeldes são simples criminosos. Como definiu Euclides da Cunha – que, como Rui Facó, mostra a outra face da moeda –, são tratados como apenas os retardatários da civilização.

A descrição de Euclides da Cunha de que o sertanejo é, antes de tudo, um forte, se aplica ao nordestino em geral, um povo alegre, fraterno e sobretudo rebelde. Sua história de lutas ainda é pouco conhecida de grande parte dos brasileiros. A história deste livro pretende, modestamente, contribuir para combater esse desconhecimento. Nela, os comunistas são um rio vermelho, agora navegado por esta reportagem sobre um importante período histórico do Brasil.

Autor: Osvaldo Bertolino

Editora: Anita Garibaldi (www.livraanita.com.br)

Ano de publicação: 2022

Edição: 1ª

Páginas: 368

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Sobre o autor: Osvaldo Bertolino é jornalista, historiador e escritor, nasceu em 1962, em Maringá, Noroeste do estado do Paraná. Foi diretor de imprensa do Sindicato dos Metroviário de São Paulo, trabalhou como editor e sub-editor de portais de notícias – Vermelho e Grabois (da Fundação Maurício Grabois) –, foi assessor de imprensa na Câmara dos Vereadores de São Paulo, na Central Única dos Trabalhadores (CUT) e na Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB). Escreveu os livros Testamento de luta — a vida de Carlos Danielli (2002), Maurício Grabois — uma vida combates (1ª edição em 2004 e 2ª edição em 2012), Pedro Pomar — ideias e batalhas (2013), Amar e mudas as coisas – trinta anos da UJS (2014), Vital Nolasco – vale a pena lutar (2016), Aurélio Peres – vida, fé e luta (2018), Da CUT à CTB – a evolução do movimento sindical desde a década de 1970 (2021), Guerrilha do Araguaia – verdades, fatos e histórias (2021) e Tom, Antônio Almeida Soares – fé e luta pelo socialismo: a vida do ex-padre, militante da AP e do PCdoB, que combateu a ditadura militar (2022).  

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