A luta continua no 25 de Abril e na jornada do 1º de Maio
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Por
mais que reescrevam, Abril foi uma revolução, não uma “evolução” ou “transição”
entre regimes, um momento e um processo de ruptura com o regime fascista,
o derrube do fascismo e do que o suportava. Abril foi possível porque é
fruto de uma longa resistência antifascista, de uma abnegada dedicação
à luta pela democracia e liberdade de comunistas e de outros democratas,
de uma intensa luta de massas da classe operária, da juventude, do povo.
Com o 25 de Abril revolveu-se a vida no País
e, por isso mesmo, não há faceta ou pormenor que o resumam – a revolução
foi, no seu desabrochar imediato, uma explosão de liberdade, é certo,
mas que não perduraria se, de imediato nuns casos, noutros a breve trecho,
não imprimisse em todos os demais aspectos da vida a marca que lhe garantiu
e garante sustentação.
Às operações programadas e depois executadas,
na madrugada, pelos militares de Abril que desarmaram o regime opressor,
associou-se o levantamento popular na manhã de ruas e praças de gente,
pessoas que ali e então se sentiram verdadeiramente cidadãos, com o
poder efetivo de mudar o rumo do seu País.
E, gritando, exprimiam livremente o que
pensavam. Liberdade de pensamento e de expressão sim, mas também liberdade
de organização e de luta. Luta por mais pão, luta por saúde, educação e justiça
para todos. Com avanços e recuos, melhores ou piores resultados, mas
sempre em confronto com as ideias e as práticas do passado e quase sempre em
ruptura total com elas.
Assim, comemorar Abril exige afirmar o que
a revolução representa e expressa enquanto processo libertador com profundas
transformações na sociedade portuguesa e um dos mais altos momentos da
vida e da história do povo português e de Portugal.
Comemorações em que é imperativo não
deixar submergir o que ela foi e representou na avalanche interpretativa
dos que negam a sua natureza, alcance e características ímpares.
Celebrar Abril é evidenciar o que foi o
fascismo e combater o seu branqueamento, é destacar a luta a luta antifascista,
pela liberdade e a democracia. Celebrar Abril é assinalar o seu sentido
transformador e revolucionário, não rasurar a memória coletiva que o
envolve, afirmar o caminho que o torna possível, rejeitar as perversões e
falsificações históricas, denunciar os que o invocam para o amputar
do seu sentido mais profundo, sublinhar o que constitui hoje de valores e
referências para um Portugal desenvolvido e soberano que décadas de
política de direita têm contrariado. (Publicado originalmente no Avante!)
.
A política de alianças do PCdoB: a água e o óleo https://bit.ly/3EonuYC
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