Acidentes de
trabalho e mortes acidentais crescem no Brasil em 2021
Profissionais no setor
hospitalar são os mais afetados, com aumento impulsionado pela pandemia de
Covid-19; ocorrências de trabalho causam perda de cerca de 4% do PIB global; no
Brasil, o prejuízo é estimado em R$ 350 bilhões anuais.
ONU News
A
Organização Internacional do Trabalho, OIT, divulgou novos dados sobre
acidentes e mortes de trabalhadores no Brasil. O estudo foi atualizado pelo Observatório
de Segurança e Saúde no Trabalho, que é desenvolvido e mantido pelo Ministério
Público do Trabalho.*
Segundo o levantamento, nos últimos 10 anos,
entre 2012 e 2021, mais de 22,9 mil
pessoas morreram em acidentes de trabalho no país.
Gastos previdenciários
No período, foram registradas 6,2 milhões de
Comunicações de Acidentes de Trabalho e o Instituto Nacional do Seguro Social,
Inss, concedeu 2,5 milhões de benefícios previdenciários acidentários,
incluindo auxílios-doença, aposentadorias por invalidez, pensões por morte e
auxílios-acidente.
No mesmo período, o gasto previdenciário
ultrapassou os R$ 120 bilhões somente com despesas acidentárias.
O diretor do Escritório da OIT no Brasil, Martin
Georg Hahn, afirma que a atualização da base de dados e de indicadores do
Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho é um importante vetor para o
diálogo e trabalho conjunto na elaboração de medidas de prevenção de acidentes
no trabalho, sobretudo no contexto da reconstrução pós-pandemia.
O Observatório mostra, também, que nesses 10
anos foram perdidos, de forma acumulada, cerca de 469 milhões de dias de
trabalho.
Calculado com a soma de todo o tempo individual
em que os afastados não puderam trabalhar, o número é uma das formas de medir,
por aproximação, os prejuízos de produtividade para a economia.
Efeitos da pandemia de Covid-19 nos profissionais de saúde
Entre 2020 e 2021, em dois anos de pandemia, foram
registradas 33 mil Comunicações de Acidentes de Trabalho e 163 mil afastamentos
com casos de Covid-19.
Técnicos de enfermagem, enfermeiros e auxiliares
de enfermagem foram os mais afetados, somando 52% das comunicações de acidentes.
Quanto aos afastamentos, os mais atingidos foram
faxineiros, vendedores de comércio varejista, alimentadores de linha de
produção, auxiliares de escritório em geral e motoristas de caminhão.
Os números apontam que, se considerado o
conjunto de ocupações e a totalidade de comunicações de acidentes de trabalho,
os profissionais do setor de atendimento hospitalar continuam a ter a maior
quantidade de notificações em números absolutos e percentuais nos últimos dois
anos.
Com a pandemia, técnicos de enfermagem sofreram
a maior quantidade de acidentes notificados em relação a outras ocupações e
passaram de 6% entre 2018 e 2019 para 9% no biênio 2020-2021.
Como um todo, a participação da atividade de
atendimento hospitalar no total de acidentes notificados cresceu de 11% para
14% no período avaliado.
Em números absolutos, o total de notificações de
acidentes no setor também cresceu, somando 11% em relação ao biênio anterior.
Custo
econômico dos acidentes e afastamentos
udo avalia
que, além dos prejuízos humanos e às famílias, os custos econômicos das
ocorrências se manifestam em gastos do sistema de saúde e seguro social. No
setor privado, o impacto é na redução da produtividade pelos dias perdidos de
trabalho acumulados.
Segundo estimativas da OIT, essas ocorrências
causam a perda aproximada de 4% do Produto Interno Bruto, PIB, global a cada
ano.
No caso do Brasil, os dados apontam que esse
percentual corresponde a aproximadamente R$ 350 bilhões anuais se considerado o
PIB brasileiro de 2021, de R$ 8,7 trilhões.
Benefícios
Assim, a estimativa é que em 10 anos, a perda
econômica, os gastos do sistema previdenciário e de saúde alcance R$ 3,5
trilhões.
No total, o levantamento brasileiro mostra que o
número de benefícios acidentários concedidos pelo Inss voltou a disparar em
2021, com crescimento de 212%, mas ainda abaixo dos números registrados em
2019, ano anterior à pandemia.
Lesões são as principais causas de afastamentos
previdenciários e foi observado um aumento em doenças osteomusculares e do
tecido conjuntivo, inclusive Lesões por Esforços Repetitivo e Distúrbios
Osteomusculares Relacionados ao Trabalho, em 192%.
Já o total de auxílios-doença concedidos por
depressão, ansiedade, estresse e outros transtornos mentais e comportamentais,
acidentários e não-acidentários, se mantiveram em níveis elevados, na média dos
últimos cinco anos anteriores à pandemia da Covid-19, comando cerca de 200 mil
casos.
Operação de
máquinas e equipamentos
Na série histórica de 10 anos, o estudo mostra
que grande parte dos acidentes foi causada pela operação de máquinas e
equipamentos, chegando a 15% dos casos. Em 2021, esse percentual se manteve
elevado, somando 16% do total.
Segundo o estudo, acompanhando a tendência de
anos anteriores, acidentes ocupacionais envolvendo máquinas e equipamentos
resultaram em amputações e outras lesões gravíssimas com uma frequência 15
vezes maior do que as demais causas, gerando três vezes mais acidentes fatais
que a média geral.
*Com informações do Unic-Rio.
.
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