31 maio 2022

EUA agem contra a paz

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hina: “ordem internacional sob ‘regra dos EUA’ é obstáculo pro mundo"
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A ordem internacional perseguida pelos EUA com base nas “regras americanas” é o “mais sério desafio de longo prazo” para o mundo, afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, nesta segunda-feira (30), em resposta ao provocativo discurso do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, sobre a China.

Zhao acrescentou que o discurso de Blinken estava cheio de mentiras e distorções e disse que na verdade são os EUA a principal ameaça à ordem internacional.

Em um discurso em 26 de maio, Blinken dedicou grande parte de sua peroração à política do governo Biden em relação à China, apontando a China como o “desafio mais sério e de longo prazo” à ordem mundial.

Os EUA não respeitam a ordem internacional baseada na Carta da ONU e no direito internacional, disse Zhao, destacando que os EUA não lutaram em uma guerra em apenas 16 dos mais de 200 anos desde a fundação do país.

Citando estudos de universidades dos EUA, o porta-voz disse que desde o fim da Segunda Guerra Mundial, os EUA tentaram derrubar mais de 50 governos estrangeiros e interferiram em eleições democráticas em pelo menos 30 países.

Só desde 2001, as guerras e operações militares travadas pelos EUA em nome do combate ao terrorismo custaram a vida de mais de 800 mil pessoas e causaram mais de 20 milhões de refugiados, denunciou o porta-voz chinês.

Além disso, os EUA, com sua insistência no “excepcionalismo”, têm o hábito de quebrar acordos e se retirar dos organismos internacionais, o que os torna, sem dúvida, “o maior destruidor da ordem internacional”, acrescentou Zhao.

Aos olhos dos EUA, as regras internacionais sempre estiveram subordinadas ao seu próprio interesse e hegemonia. Quando os dois são consistentes, os EUA tomam as regras como base para suas ações e, quando são inconsistentes, tratam as regras como “nada”, enfatizou Zhao.

“Pode-se dizer que os EUA são o epítome da diplomacia coercitiva”, observou Zhao, lembrando que Washington coloca “sua lei doméstica acima da lei internacional e impõe arbitrariamente sanções unilaterais e ilegais”.

Em contraste, como registrou o porta-voz, nos mais de 70 anos desde a fundação da República Popular da China, a China nunca iniciou uma guerra por conta própria e aderiu à resolução de disputas por meio do diálogo e da negociação.

Ele asseverou ainda que a China irá tomar ações concretas para participar ativamente na governança global, salvaguardar a ordem internacional e contribuir para a prosperidade mundial e o progresso comum da humanidade.

Blinken

No discurso proferido na Universidade George Washington, Blinken anteviu que o ‘bloco internacional’ encabeçado pelo governo Biden contra ‘a invasão da Ucrânia pela Rússia’ – tida como a ameaça mais aguda e mais urgente – deveria evoluir para uma coalizão mais ampla para combater o que ele vê como a ameaça mais séria e de longo prazo à ordem global, a China.

Declaração que, concomitantemente, não escondia a irritação de Washington com a recusa da China a se sujeitar às sanções contra a Rússia.

Segundo Biden, “a China é o único país com a intenção de reformular a ordem internacional – e, cada vez mais -, usa o poder econômico, diplomático, militar e tecnológico para fazê-lo”.

“A visão de Pequim nos afastaria dos valores universais que sustentaram grande parte do progresso do mundo nos últimos 75 anos”, disse Blinken, se referindo à ordem unipolar sob Washington, Wall Street e Big Oil.

Dizendo que não se pode “confiar em Pequim para mudar sua trajetória”, Blinken anunciou a pretensão da Casa Branca de “moldar o ambiente estratégico em torno de Pequim para avançar nossa visão de um sistema internacional aberto e inclusivo”.

Nesse intuito, ele teve o desplante de dizer que “sob o presidente Xi, o Partido Comunista Chinês no poder se tornou mais repressivo em casa e mais agressivo no exterior”.

O secretário de Estado disse ainda que a China se beneficiou muito dessa ordem internacional, mas agora está tentando subvertê-la. “Em vez de usar seu poder para reforçar e revitalizar as leis, acordos, princípios e instituições que permitiram seu sucesso, para que outros países também possam se beneficiar deles, Pequim está minando isso”, disse Blinken. “Sob o presidente Xi, o Partido Comunista Chinês no poder se tornou mais repressivo em casa e mais agressivo no exterior.”

Wang Yi e as “relações China-EUA”

Por sua vez o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, a caminho da cúpula dos Países das Ilhas do Pacífico, alertou Washington de que as relações entre China e EUA “não são um jogo de soma zero projetado pelo lado norte-americano”, chamando a abordar os laços bilaterais com base nos princípios de respeito mútuo, coexistência pacífica e cooperação de benefício recíproco. Ele acrescentou que há “grandes equívocos” nas visões dos EUA sobre o mundo, a China e as relações entre ambos, registrou a agência de notícias Xinhua.

O mundo não é o que os EUA descrevem e a tarefa mais urgente da comunidade internacional é proteger conjuntamente a vida e a saúde humana, promover a recuperação econômica mundial e salvaguardar a paz e a tranquilidade mundiais, o que exige o estabelecimento de uma comunidade com um futuro comum e a implementação de propósitos e princípios consagrados na Carta da ONU, assinalou o chanceler chinês.

Ele destacou que a Iniciativa do Cinturão e Rota, a Iniciativa de Desenvolvimento Global e a Iniciativa de Segurança Global, propostas pela China, ganharam “amplo reconhecimento e apoio” da comunidade internacional.

A obsessão dos EUA com o “centrismo ocidental”, “excepcionalismo” e a mentalidade da Guerra Fria, assim como sua pressão pela lógica da hegemonia e da política de bloco, vão contra a tendência da história e só levarão ao confronto e à divisão da comunidade mundial, acrescentou o chanceler chinês.

Democratização das relações internacionais

Na realidade, os Estados Unidos se tornaram uma fonte de turbulência que prejudica a atual ordem mundial e um obstáculo que impede a democratização das relações internacionais, observou Wang.

A busca comum da modernização por 1,4 bilhão de chineses representa um grande progresso para a humanidade, em vez de uma ameaça ou desafio para o mundo, ressaltou Wang, acrescentando que tal conquista é feita sob a forte liderança do Partido Comunista da China e é fruto da solidariedade, diligência e trabalho árduo do povo chinês que encontrou o caminho do socialismo com características chinesas.

“Nosso objetivo é aberto, justo e honesto. É tornar a vida melhor para nosso povo e dar uma contribuição maior ao mundo, não substituir ou desafiar outros”, declarou Wang.

“Estamos levando a reforma, a abertura e a cooperação de benefício mútuo a um nível mais alto. Vamos nos tornar uma versão melhor de nós mesmos e tornar o mundo um lugar melhor”, disse ele.

O lado norte-americano deve primeiro estar ciente de que uma hegemonia unipolar não encontrará apoio, o confronto de grupo não tem futuro, construir pequenos quintais com cercas altas significa auto-isolamento e atraso e dissociar e cortar suprimentos só prejudica os outros e a si mesmo, continuou.

“Nunca cederemos à chantagem ou coerção e defenderemos firmemente a soberania, a segurança e os interesses de desenvolvimento da China”, disse o chanceler, sublinhando que o povo chinês tem a espinha dorsal e a determinação para fazê-lo e qualquer supressão e contenção só os tornará mais unidos.

O lado estadunidense deve concentrar seus esforços na aplicação dos princípios de respeito mútuo, coexistência pacífica e cooperação de benefício mútuo, de modo a encontrar o caminho para que os dois principais países, China e Estados Unidos, lidem adequadamente um com o outro na nova era, disse Wang.

Na foto, ministro do Exterior da China Wang Yi

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