China: “ordem internacional sob ‘regra dos EUA’ é obstáculo
pro mundo"
www.pcdob.org.br
A
ordem internacional perseguida pelos EUA com base nas “regras americanas” é o
“mais sério desafio de longo prazo” para o mundo, afirmou o porta-voz do
Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, nesta segunda-feira
(30), em resposta ao provocativo discurso do secretário de Estado dos EUA,
Antony Blinken, sobre a China.
Zhao
acrescentou que o discurso de Blinken estava cheio de mentiras e distorções e
disse que na verdade são os EUA a principal ameaça à ordem internacional.
Em
um discurso em 26 de maio, Blinken dedicou grande parte de sua peroração à
política do governo Biden em relação à China, apontando a China como o “desafio
mais sério e de longo prazo” à ordem mundial.
Os
EUA não respeitam a ordem internacional baseada na Carta da ONU e no direito
internacional, disse Zhao, destacando que os EUA não lutaram em uma guerra em
apenas 16 dos mais de 200 anos desde a fundação do país.
Citando
estudos de universidades dos EUA, o porta-voz disse que desde o fim da Segunda
Guerra Mundial, os EUA tentaram derrubar mais de 50 governos estrangeiros e
interferiram em eleições democráticas em pelo menos 30 países.
Só
desde 2001, as guerras e operações militares travadas pelos EUA em nome do
combate ao terrorismo custaram a vida de mais de 800 mil pessoas e causaram
mais de 20 milhões de refugiados, denunciou o porta-voz chinês.
Além
disso, os EUA, com sua insistência no “excepcionalismo”, têm o hábito de
quebrar acordos e se retirar dos organismos internacionais, o que os torna, sem
dúvida, “o maior destruidor da ordem internacional”, acrescentou Zhao.
Aos
olhos dos EUA, as regras internacionais sempre estiveram subordinadas ao seu
próprio interesse e hegemonia. Quando os dois são consistentes, os EUA tomam as
regras como base para suas ações e, quando são inconsistentes, tratam as regras
como “nada”, enfatizou Zhao.
“Pode-se
dizer que os EUA são o epítome da diplomacia coercitiva”, observou Zhao,
lembrando que Washington coloca “sua lei doméstica acima da lei internacional e
impõe arbitrariamente sanções unilaterais e ilegais”.
Em
contraste, como registrou o porta-voz, nos mais de 70 anos desde a fundação da
República Popular da China, a China nunca iniciou uma guerra por conta própria
e aderiu à resolução de disputas por meio do diálogo e da negociação.
Ele
asseverou ainda que a China irá tomar ações concretas para participar
ativamente na governança global, salvaguardar a ordem internacional e
contribuir para a prosperidade mundial e o progresso comum da humanidade.
Blinken
No
discurso proferido na Universidade George Washington, Blinken anteviu que o
‘bloco internacional’ encabeçado pelo governo Biden contra ‘a invasão da
Ucrânia pela Rússia’ – tida como a ameaça mais aguda e mais urgente – deveria
evoluir para uma coalizão mais ampla para combater o que ele vê como a ameaça
mais séria e de longo prazo à ordem global, a China.
Declaração
que, concomitantemente, não escondia a irritação de Washington com a recusa da
China a se sujeitar às sanções contra a Rússia.
Segundo
Biden, “a China é o único país com a intenção de reformular a ordem
internacional – e, cada vez mais -, usa o poder econômico, diplomático, militar
e tecnológico para fazê-lo”.
“A
visão de Pequim nos afastaria dos valores universais que sustentaram grande
parte do progresso do mundo nos últimos 75 anos”, disse Blinken, se referindo à
ordem unipolar sob Washington, Wall Street e Big Oil.
Dizendo
que não se pode “confiar em Pequim para mudar sua trajetória”, Blinken anunciou
a pretensão da Casa Branca de “moldar o ambiente estratégico em torno de Pequim
para avançar nossa visão de um sistema internacional aberto e inclusivo”.
Nesse
intuito, ele teve o desplante de dizer que “sob o presidente Xi, o Partido
Comunista Chinês no poder se tornou mais repressivo em casa e mais agressivo no
exterior”.
O
secretário de Estado disse ainda que a China se beneficiou muito dessa ordem
internacional, mas agora está tentando subvertê-la. “Em vez de usar seu poder
para reforçar e revitalizar as leis, acordos, princípios e instituições que
permitiram seu sucesso, para que outros países também possam se beneficiar
deles, Pequim está minando isso”, disse Blinken. “Sob o presidente Xi, o
Partido Comunista Chinês no poder se tornou mais repressivo em casa e mais
agressivo no exterior.”
Wang Yi e as
“relações China-EUA”
Por
sua vez o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, a caminho da
cúpula dos Países das Ilhas do Pacífico, alertou Washington de que as relações
entre China e EUA “não são um jogo de soma zero projetado pelo lado
norte-americano”, chamando a abordar os laços bilaterais com base nos
princípios de respeito mútuo, coexistência pacífica e cooperação de benefício
recíproco. Ele acrescentou que há “grandes equívocos” nas visões dos EUA sobre
o mundo, a China e as relações entre ambos, registrou a agência de notícias
Xinhua.
O
mundo não é o que os EUA descrevem e a tarefa mais urgente da comunidade
internacional é proteger conjuntamente a vida e a saúde humana, promover a
recuperação econômica mundial e salvaguardar a paz e a tranquilidade mundiais,
o que exige o estabelecimento de uma comunidade com um futuro comum e a
implementação de propósitos e princípios consagrados na Carta da ONU, assinalou
o chanceler chinês.
Ele
destacou que a Iniciativa do Cinturão e Rota, a Iniciativa de Desenvolvimento
Global e a Iniciativa de Segurança Global, propostas pela China, ganharam
“amplo reconhecimento e apoio” da comunidade internacional.
A
obsessão dos EUA com o “centrismo ocidental”, “excepcionalismo” e a mentalidade
da Guerra Fria, assim como sua pressão pela lógica da hegemonia e da política
de bloco, vão contra a tendência da história e só levarão ao confronto e à
divisão da comunidade mundial, acrescentou o chanceler chinês.
Democratização das
relações internacionais
Na
realidade, os Estados Unidos se tornaram uma fonte de turbulência que prejudica
a atual ordem mundial e um obstáculo que impede a democratização das relações
internacionais, observou Wang.
A
busca comum da modernização por 1,4 bilhão de chineses representa um grande
progresso para a humanidade, em vez de uma ameaça ou desafio para o mundo,
ressaltou Wang, acrescentando que tal conquista é feita sob a forte liderança
do Partido Comunista da China e é fruto da solidariedade, diligência e trabalho
árduo do povo chinês que encontrou o caminho do socialismo com características
chinesas.
“Nosso
objetivo é aberto, justo e honesto. É tornar a vida melhor para nosso povo e
dar uma contribuição maior ao mundo, não substituir ou desafiar outros”,
declarou Wang.
“Estamos
levando a reforma, a abertura e a cooperação de benefício mútuo a um nível mais
alto. Vamos nos tornar uma versão melhor de nós mesmos e tornar o mundo um
lugar melhor”, disse ele.
O
lado norte-americano deve primeiro estar ciente de que uma hegemonia unipolar
não encontrará apoio, o confronto de grupo não tem futuro, construir pequenos
quintais com cercas altas significa auto-isolamento e atraso e dissociar e
cortar suprimentos só prejudica os outros e a si mesmo, continuou.
“Nunca
cederemos à chantagem ou coerção e defenderemos firmemente a soberania, a
segurança e os interesses de desenvolvimento da China”, disse o chanceler,
sublinhando que o povo chinês tem a espinha dorsal e a determinação para
fazê-lo e qualquer supressão e contenção só os tornará mais unidos.
O
lado estadunidense deve concentrar seus esforços na aplicação dos princípios de
respeito mútuo, coexistência pacífica e cooperação de benefício mútuo, de modo
a encontrar o caminho para que os dois principais países, China e Estados
Unidos, lidem adequadamente um com o outro na nova era, disse Wang.
Na foto, ministro do
Exterior da China Wang Yi
Olhar atento sobre o que acontece https://bit.ly/3n47CDe
Nenhum comentário:
Postar um comentário