Técnicos no Brasil deliram com
seus conhecimentos táticos
Em jogos dos melhores do
mundo, não há alterações estranhas, que ninguém entende
Tostão, Folha de S. Paulo
Após
vários anos, voltei ao Mineirão neste domingo (22), às 11h, para assistir, ao
lado de meus filhos, netos, genro, nora e amigos, à vitória do Cruzeiro sobre o
Sampaio Corrêa, pela Série B. Adorei, pela companhia de pessoas tão queridas e
por ver de perto a belíssima festa da torcida, com quase 60 mil pessoas. Deu
tempo ainda de retornar, de comer uma pizza e de ver o jogo entre Corinthians e São Paulo.
O Cruzeiro, bem dirigido pelo técnico uruguaio Paulo Pezzolano, joga um futebol simples, seguro, vibrante, como se cada partida fosse a última. A maioria das jogadas ofensivas é pelos lados, em velocidade, especialmente pela direita, com cruzamentos entre o goleiro e os zagueiros ou para trás, na entrada ou um pouco dentro da área, para os meio-campistas que chegam livres para finalizar, já que os zagueiros e os atacantes correm em direção ao gol.
No estádio, existe uma visão mais ampla do conjunto e do posicionamento dos jogadores, embora as imagens pela televisão sejam hoje bem abertas, para ver o jogo coletivo. Por outro lado, senti falta das informações, das opiniões e dos detalhes de imagens repetidas.
Notei o que já observo na Série A e na maioria das equipes brasileiras, uma preocupação excessiva de fazer um jogo intenso, rápido, o que é bom. Porém essa intensidade algumas vezes se confunde com pressa e com afobação, o que gera muitos erros de passe. Meio-campistas não são apenas para correr de uma intermediária à outra. São construtores, articuladores.
Além
da intensidade, outra característica do futebol atual, em todo o mundo e muito
mais ainda no Brasil, é o de analisar e de resumir as partidas de acordo com as
intervenções dos treinadores, nas escalações e nas mudanças durante as
partidas. Isso ficou bastante evidente durante e após o clássico entre Corinthians e São Paulo. Quase
só se falou nos treinadores, como se fossem os donos do espetáculo, da história
da partida.
Repito,
em jogos de times do mesmo nível técnico, o primeiro tempo costuma ser
diferente do segundo, independentemente da conduta dos jogadores, mesmo
considerando que eles sejam importantes. Foi o que ocorreu durante a partida
entre Corinthians e São Paulo. Cada um foi melhor em um tempo, embora o São
Paulo tenha criado mais chances de gol.
Fora
isso, as mudanças feitas por Rogério Ceni durante a partida,
na maneira de jogar e na substituição dos dois melhores jogadores, Nestor e
Reinaldo, não se justificam, por mais compreensíveis que sejam as razões
apontadas pelo técnico, como a alteração tática ocorrida no Corinthians.
Rogério quis ser mais estrategista que a estratégia.
Se
Cássio não tivesse feito várias ótimas defesas, se Igor Gomes não tivesse
perdido um gol na frente do goleiro, já no fim da partida, se o VAR não tivesse
anulado o gol do Corinthians, por causa do nariz de Renato Augusto à frente,
quando deu o passe para Jô, e por vários outros detalhes, as análises e o
comportamento dos técnicos seriam diferentes.
Penso
que os técnicos que atuam no país, brasileiros e estrangeiros, deliram com seus
conhecimentos táticos. Assisti a todas as partidas dos três melhores times do
mundo, Manchester City, Liverpool e Real Madrid, e não vi em nenhum jogo uma
mudança surpreendente, estranha, que ninguém tivesse entendido. As alterações
foram pontuais, esperadas.
Os
grandes talentos, em todas as áreas, são os que tornam simples e claro o que é
complexo e confuso.
O fato e a ideia https://bit.ly/3n47CDe
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