#PEC206Não! Em defesa da universidade
pública, gratuita e popular
Obviamente que o objetivo de se
cobrar mensalidade nas universidades públicas não é só o de afastar os mais
pobres e os filhos dos trabalhadores desses espaços, mas também de transformar
a educação em mercadoria
José Bertotti*, Vermelho
www.vermelho.org.br
Os defensores da educação pública, gratuita, universal e de qualidade,
como eu, estão em alerta depois que uma absurda Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) entrou na pauta da Comissão de Constituição e Justiça e de
Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados. Atentando contra a nossa própria
Constituição, a PEC 236/2019 apresentada pelo deputado bolsonarista General
Peternelli propõe o fim da gratuidade nas universidades públicas, prevendo a
cobrança de mensalidade. E para piorar, com o parecer favorável do relator, o
deputado de extrema-direita Kim Kataguiri.
Com a pressão dos movimentos pela educação, o projeto foi retirado da
pauta nesta terça (24). Precisamos redobrar a atenção, pois a PEC voltará a ser
debatida em breve, e precisa ser duramente combatida.
Obviamente que o objetivo de se cobrar mensalidade nas universidades
públicas não é só o de afastar os mais pobres e os filhos dos trabalhadores
desses espaços, mas também de transformar a educação em mercadoria. A
universidade pública e gratuita é a principal formadora de quadros para a
inovação e o desenvolvimento do Brasil, gerando os principais centros de
solução para grandes problemas nacionais. Temos muitos exemplos de como a
academia é um ambiente catalisador e promotor de soluções inovadoras, e de
desenvolvimento de novas tecnologias.
Aqui em Pernambuco, por exemplo, nossas 4 instituições públicas federais
(UFPE, UFRPE, Univasf e IFPE) têm importantes pesquisas e atividades de ensino
e extensão. Um dos exemplos é na análise dos impactos das mudanças climáticas,
e no desenvolvimento de energias renováveis; e também na agricultura,
melhorando a produtividade do campo e garantindo o desenvolvimento sustentável
via agricultura familiar. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa) é outra grande experiência que atua em parceria com as universidades,
e que possibilitou um enorme avanço nos conhecimentos da nossa indústria
agrícola, a partir da distribuição de conteúdos científicos.
Se formos buscar essas soluções inovadoras fora do nosso Estado, podemos
observar o trabalho realizado pela UFRJ, com o desenvolvimento de tecnologia
para os setores de produção de petróleo e gás. São muitos os exemplos e as
experiências.
Portanto, acabar com a gratuidade e, consequentemente, com a
universalidade dessas instituições significa pôr fim a um projeto de justiça
social e de redução das desigualdades. Além disso, extinguir a universidade
pública, gratuita e de qualidade é romper também com a soberania, a democracia,
a autonomia e o desenvolvimento do Brasil. Não podemos deixar, nem deixaremos,
acontecer mais essa tragédia em nosso país.
A luta pela educação é minha e de muitos. A Universidade não se
privatiza, se populariza! #PEC206NÃO!
*Ex-Secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco, pré-candidato a deputado estadual pelo PCdoB em Pernambuco
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