04 junho 2022

Monopólio de ensino privado

Um novo império educacional chega ao Recife

Wallace Melo*

 

Na última quinta-feira (02), ocorreu a oficialização da venda da escola Eleva, um dos lucrativos empreendimentos educacionais pertencentes ao grupo Gera Capital, empresa que tem como maior acionista, o bilionário, Jorge Paulo Lemann.

E com a transação, a escola Eleva, passou a pertencer ao Inspired Education, uma mega instituição britânica, proprietária de 80 escolas, espalhadas nos cinco continentes (Europa, África, Ásia, Oceania e América). Um verdadeiro império do capital, na educação privada. No Brasil, o grupo já possui escolas em Vitória, Rio de Janeiro, Brasília, Salvador e agora no Recife, somando um total de 11 estabelecimentos de ensino.

E visto a grandeza desses investimentos, é muito válido refletir sobre os interesses desses grupos empresariais (nacionais e internacionais) no setor privado de ensino. Pois transações como essas, só demonstram como o Brasil está posicionado, frente as prospecções e dinâmicas do mercado educacional. E a venda da escola Eleva, é mais uma, de várias evidências que mostram como a educação vem se apresentando no país como uma valiosa e lucrativa mercadoria, fato que, em certas circunstâncias, afasta até a sua natureza enquanto um direito social e garantia constitucional.

Mas o que significa concretamente, a vinda desses grupos empresariais no setor privado da educação? Pois bem, de início, demonstra nitidamente a existência de um forte interesse do capital em mercantilizar literalmente a nossa educação. Porém, nesse caso, o próprio tempo terá a incumbência de nos dizer quais serão as implicações desse mercado.

Contudo, é sempre bom compreendermos, independente de qualquer “canto da seria” que seja possivelmente narrado pelo país a fora, que, frente ao atual retrato social e econômico do país, essas instituições, nem de longe, estão vindo, para “contribuir” com o desenvolvimento e a formação/emancipação intelectual do povo, tampouco pra valorizar o magistério e seu conjunto dos trabalhadores e trabalhadoras. Pelo contrário! A mercantilização será o mote de tudo que estiver, direta ou indiretamente, relacionado aos seus serviços.

Pois no Brasil dos bilionários, a grande escola privada, para além de um mercado fecundo, é mais uma ferramenta imposta, para, no mínimo, determinar a permanência de uma multidão, no inglório “rolê das ralés”. Pois aqui, quem tem dinheiro, decola.

P.S – Vejamos os outros países que a Inspired Education está presente: Reino Unido, Espanha, Suíça, Portugal, Itália, Bélgica, Letônia, África do Sul, Oman, Bahrein, Kenya, Austrália, Nova Zelândia, Indonésia, Vietnã, Bahamas, México, Panamá, Costa Rica, Colômbia e Peru.

*Humanista, professor e atual secretário de formação sindical e assuntos econômicos do Sinpro Pernambuco

O fato e a versão https://bit.ly/3n47CDe      

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