Revogar teto de gastos é
essencial para Lula e democracia
Emenda paralisa Estado,
sufoca economia e favorece projeto autoritário
ANDRÉ SINGER E FERNANDO RUGITSKY, Folha de S. Paulo
[RESUMO] Promulgado em 2016, na gestão Temer, o teto de gastos se tornou um mecanismo de sabotagem que visa destruir o pacto da Constituição de 1988 e abre caminho para a extrema direita, analisam autores. Revogar essa emenda que limita de forma draconiana o gasto público, travando o crescimento da economia, é crucial para o sucesso de um eventual governo Lula e, sobretudo, para o futuro da democracia brasileira.
Uma
polêmica que se anunciava havia algum tempo ganhou voltagem com a prévia do plano de governo do ex-presidente Lula enviada
para os seis partidos aliados ao PT. A partir dele, PSB, PC do B, PV, PSOL,
Rede e Solidariedade terão que se pronunciar sobre a proposta de revogar o teto de
gastos, que seria, segundo o documento, a forma de "recolocar
os pobres e os trabalhadores no Orçamento".
Adiantando-se
ao parecer das agremiações aliadas, a Bolsa caiu e o dólar subiu diante do vazamento
das diretrizes petistas, reagindo ao que o mercado denomina "aumento do
risco fiscal". O confronto entre a necessidade social do dispêndio público
e a desconfiança que essa causa aos investidores privados constituirá o centro da encruzilhada democrática no provável
terceiro mandato lulista.
Em
meados de abril, o Financial Times, uma das bíblias dos capitalistas
internacionais, havia sintetizado o desacordo. Reportagem assinada por Bryan Harris,
correspondente do jornal inglês em São Paulo, apresentava de resumidamente o
duelo entre formuladores do PT e economistas vinculados aos mercados
financeiros.
Nela,
falando pelo PT, o professor da Unicamp Guilherme Mello defendeu
a substituição do teto de gastos por regras fiscais compatíveis com as
necessidades de investimento por parte do Estado brasileiro. O teto gerou
"mais pobreza, mais miséria, mais inflação e mais fome", disse.
Veja: Programa de Lula em debate https://bit.ly/3trR3UK
Defendendo
as cores do dinheiro, Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados,
argumentou que aumentar o investimento público e social, sem um forte ajuste no
resto do Orçamento, agravaria o quadro econômico nacional. Abolir o teto seria
bom apenas se houvesse uma regra melhor, mas isso não parece provável, afirmou.
Devido
a uma conjunção de fatores, a divergência em torno do dispêndio estatal é
chave. Vencer a eleição e superar as ameaças golpistas de Jair Bolsonaro (PL) e
apoiadores não será fácil e vai requerer unidade e capacidade estratégica
redobrada das forças democráticas. Múltiplos e perigosos escolhos precisarão
ser superados nos próximos quatro meses.
Os
desafios, porém, estão longe de terminar na almejada posse pacífica do
vencedor. A disputa sobre os rumos da política econômica, enraizados em
diferentes perspectivas de classe, coloca um dilema para a jovem e instável
democracia brasileira.
O busílis está no destino da emenda constitucional (EC) 95, que
limitou de draconianamente o gasto público até 2036 (com uma revisão
intermediária prevista para 2026). Como se recorda, promulgada pelo Congresso Nacional em 2016, durante o
consulado de Michel Temer, a chamada emenda do teto foi uma das
consequências estruturais do impeachment de Dilma Rousseff (PT).
Item
principal do opúsculo Ponte para o Futuro, programa oficial do MDB para o
golpe parlamentar que derrubou a presidenta, a emenda bloqueava por pelo menos
duas décadas qualquer tentativa de recolocar o Brasil na trilha do
desenvolvimento. Juntamente com a reforma trabalhista e a da Previdência
(alavancada pelo atual presidente), representaram, na prática, uma pinguela
para o abismo.
Bolsonaro,
que simboliza o poço sem fundo em que caímos, aduziu a autonomia do Banco
Central como contribuição própria para salgar a terra de modo que o
desenvolvimentismo nunca mais ousasse erguer a cabeça por aqui.
Dentre
as quatro leis sagradas do atraso, porém, a do teto é a pedra angular. Com
frequência descrita como mero instrumento para conter o aumento supostamente explosivo dos
gastos públicos, forçando uma discussão de prioridades, é bem mais
que aparenta.
Na
verdade, a regulamentação paralisa, em termos reais, o montante de recursos que
o Executivo pode empenhar, destoando das mais rigorosas regras impostas a
nações atacadas pela austeritite. O congelamento significa que, caso a economia
cresça, o percentual do PIB que caberá ao Orçamento cairá, pois este ficará
estancado nos limites de 2016, devendo ser reajustado apenas pela inflação.
Estimativas
de Esther Dweck, professora da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro),
publicadas no livro "Economia Pós-Pandemia", sugerem que os gastos
primários (isto é, descontando-se o pagamento de juros da dívida pública)
ameaçam cair de cerca de 20% do PIB em 2017 para pouco mais de 13% em 2036. No
macabro sonho neoliberal, não cabem o SUS, as universidades federais e tantas
outras instituições que visam garantir os direitos inscritos na Carta de 1988.
No
entanto, a EC 95 não se restringe a reduzir o tamanho do Estado. Possui
destacado efeito macroeconômico de curto prazo. Ao comprimir o dispêndio
público, faz com que um dos principais motores do crescimento no capitalismo
contemporâneo passe a funcionar como freio, o qual constantemente trava o PIB,
dificulta a criação de empregos e a elevação da renda do trabalhador.
Cálculos
da IFI (Instituição Fiscal Independente) do Senado indicam que, entre 2017 e
2019, no triênio inicial da EC e antes do choque provocado pela pandemia, a
gestão fiscal reduziu o crescimento do PIB, enquanto entre 2003 e 2014 ela o
acelerava.
Em
2020, o teto foi flexibilizado em razão da Covid-19, e a
política fiscal assumiu transitoriamente um caráter expansionista. Em 2021,
contudo, o bloqueio voltou a se manifestar.
Em
suma, respeitada a limitação neoliberal estabelecida, a economia tenderá a
andar de lado, sem produzir os postos de trabalho e os salários indispensáveis
para consolidar a opção democrática que, segundo as pesquisas, a maioria do
eleitorado deverá fazer na próxima eleição.
CONTRA
A AUSTERIDADE E O AUTOCRATISMO
O
árido debate fiscal adquiriu, portanto, centralidade política, com os gastos do
governo passando a assumir lugar de destaque entre as armas escolhidas para
combater a ascensão da extrema direita. Nos Estados Unidos, por exemplo, Joe Biden propôs um conjunto audaz e importante de planos para
reconstruir o país assim que assumiu a Presidência.
Perspicaz,
Biden, um quadro sabidamente convencional, colocou na equipe econômica gente
que criticava a austeridade. Queria sinalizar a urgência das medidas que
precisavam ser tomadas. A sua agenda previa nada menos que US$ 7 trilhões a serem aplicados pelo Estado.
Era
tão avançada que foi vista, nos meses inaugurais, como o fim do neoliberalismo.
O "fundamentalismo de mercado [...] está sendo substituído por algo muito
diferente", escreveu Dani Rodrik, laureado professor de Harvard.
O
atual presidente norte-americano o fez porque percebeu que não era a
sobrevivência da máquina clintoniana que estava em jogo, mas a do regime
democrático. De maneira análoga, no Brasil, não é o futuro do lulismo, mas os
alicerces da democracia que se encontram em questão.
A tradução econômica a ser dada para o voto de confiança que
a chapa Lula-Alckmin receberá em outubro precisa responder às demandas
emergenciais dos setores populares. É provável que o neoliberalismo não tenha
acabado, mas a natureza do embate se alterou com a entrada em cena de
componentes fascistas, exigindo uma postura audaz dos que apostam no regime
democrático.
Nos
EUA, as resistências que algumas das medidas propostas por Biden enfrentam por
parte de setores conservadores têm restringido o impacto da guinada política
proposta, comprometendo a superação do legado de Trump. A parte já em execução
permitiu a retomada da atividade econômica, a criação de empregos e até certo
fortalecimento de alguns setores da classe trabalhadora.
No
entanto, o bloqueio ao chamado "American Families Plan", que teria
efeitos potencialmente mais estruturais e duradouros, tem contribuído para a sobrevivência do trumpismo,
que pode até prevalecer nas eleições de novembro próximo. O caso norte-americano
ensina que, se os democratas do mundo não forem capazes de entregar com rapidez
o que prometeram, o autocratismo tende a recrudescer.
A
extrema direita pós-factual, para usar uma expressão de Wolfgang Streeck, que
nasceu com o brexit em 2016 e se estendeu para o mundo pelas mãos de Donald
Trump e Steve Bannon, veio para ficar, como revela a recente competitividade
das candidaturas de José Antonio Kast, no Chile, e Rodolfo Hernández, na Colômbia.
Se
as coalizões democráticas não produzirem medidas sociais efetivas, acabarão sem
instrumentos para provar aos setores populares que o jogo democrático vale a
pena, adubando o solo de onde brota o autoritarismo.
Veja: Quem
semeia o caos colhe o quê? https://bit.ly/3zPlBnw
CONTRADIÇÕES DA CONJUNTURA
A
conjuntura externa apresenta elementos contraditórios. Na economia global,
prevalece a incerteza sobre consequências de médio prazo da Guerra da Ucrânia e a respeito da velocidade de
recomposição das cadeias de suprimento, ainda chacoalhadas pela pandemia.
É
plausível que a continuidade da escalada inflacionária nas nações ricas reduza
a liquidez global e piore a situação brasileira, com uma eventual
desvalorização cambial, empurrando o Banco Central a subir ainda mais os juros e,
em consequência, reter o crescimento.
Não
se deve excluir, porém, a possibilidade de ventos favoráveis soprarem em 2023,
se a inflação mundial ceder, puxada pelos preços dos produtos manufaturados, e
as commodities exportadas pelo Brasil seguirem em alta.
Vale
lembrar que, nos primeiros quatro meses de 2022, ocorreu um boom de commodities
como não acontecia há meio século, conforme indicam os economistas Bráulio
Borges e Ricardo Barboza. Desse ponto de vista, portanto, é possível que o país
se encontre, coincidentemente, em situação similar à que permitiu a ascensão do lulismo.
No
entanto, naquela ocasião, a bonança das exportações aumentou as receitas e
permitiu acelerar o crescimento e a geração de empregos sem reduzir o superávit
primário. Isto é, foi viável expandir a ação do Estado porque havia mais
dinheiro entrando nos cofres do Tesouro, sem incrementar a dívida.
Com
a emenda 95, contudo, mesmo com uma eventual majoração de receitas, o montante
disponível para usar seguirá limitado, pois o regime fiscal isola a economia
dos eventuais impulsos positivos vindos de fora.
No
fundo, sejamos claros, o teto foi criado para evitar que, em circunstâncias
favoráveis, outro "milagre" lulista pudesse se produzir. Ao mesmo
tempo, retira do Executivo instrumentos para lidar com impulsos negativos
vindos de fora. Eventuais bonanças são desprezadas, enquanto as tempestades são
acolhidas de braços abertos.
Se
o boom de commodities não pode ser aproveitado, e as turbulências globais não
têm como ser combatidas, as melhorias tão aguardadas, e com as quais Lula é
identificado, se inviabilizam. O efeito político não se faria esperar: a
alternativa democrática enfrentaria enfraquecida o bolsonarismo nas nossas
"eleições de meio de mandato", as municipais de 2024.
O CICLO POLÍTICO
DA ECONOMIA
No
plano interno, vê-se que a pressão no sentido do corte de gastos tende a
aumentar, como acontece em ano de pleito presidencial. Tome-se como exemplo o subsídio de até R$ 46 bilhões para o consumo de combustíveis,
energia elétrica, comunicações e transportes.
Até
as pedras sabem que é mais uma das medidas voltadas a favorecer o desempenho de
Bolsonaro nas urnas eletrônicas (que ele, aliás, despreza), como foram o Auxílio Brasil, a liberação do
FGTS, a anistia do Fies, entre outras. A cada uma, aumenta a grita em favor de
um corte correspondente nas despesas do Estado.
Afinal,
para os capitalistas, a estabilidade das contas públicas vem antes de qualquer
consideração política ou social. Segundo Lula, os banqueiros e empresários com
os quais se reúne só querem saber de responsabilidade fiscal, perguntando se
ele "vai manter ou não o teto de gastos".
Com
efeito, o mantra do equilíbrio orçamentário, cuja inviolabilidade, aliás, foi o
centro da pregação histórica de várias personagens agora cogitadas para
formular o programa definitivo da chapa democrática, volta a figurar no âmago
da avaliação de figuras do mercado.
Sob
a rubrica de "consolidação fiscal", a defesa do teto funciona como
chantagem: caso não se dê garantias, os capitais ficarão nervosos e irão
embora. Sergio Vale já avisou no FT que, a seu ver, a situação fiscal hoje é
pior que a que Lula herdou em 2003. "Vamos terminar o ano com uma dívida
ao redor de 84% do PIB, um déficit primário acima de 1% do PIB e juros muito
altos. Não adianta o governo querer gastar, se não existe espaço para
isso", declarou.
No
entanto, espaço existe, como mostrou o auxílio emergencial adotado
em 2020. Naquela ocasião, a flexibilização do teto não apenas atenuou a queda
do PIB como também contribuiu para que o aumento da relação dívida/PIB fosse
contido, segundo cálculos do Made (Centro de Pesquisa em Macroeconomia das
Desigualdades) da USP.
O
exemplo revela o fundo ideológico da defesa da austeridade. Se a preocupação
fosse mesmo o endividamento, seria possível travar uma discussão técnica sobre
as alternativas disponíveis —várias delas menos custosas, econômica e
socialmente, que a inscrita na EC.
A
defesa teimosa da austeridade assenta-se, como notou Michal Kalecki (1899-1970),
no interesse em reduzir o tamanho do Estado, abrindo fronteiras para a
apropriação privada de lucros e o fortalecimento do controle do capital sobre a
dinâmica macroeconômica. Já nos anos 1940, o economista polonês notou, em seu
clássico artigo "Aspectos Políticos do Pleno Emprego", que os
capitalistas resistiam ao alargamento da ação estatal para manter seu
"poderoso controle indireto sobre as políticas do governo".
As
propostas liberais são, segundo a interpretação dele, uma forma de disciplinar
a democracia pelo mercado: "Tudo o que pode afetar o nível de confiança
precisa ser cuidadosamente evitado, porque pode causar uma crise
econômica".
Convencionalmente,
o clamor por austeridade tende a ser atendido em inícios de mandatos
presidenciais. Premido pela necessidade de ganhar votos, o Executivo solta as
rédeas do Tesouro no período em que as urnas são acionadas e faz um ajuste
fiscal no início do período seguinte. A academia norte-americana deu ao
fenômeno o nome de "political business cycle", vinculando à dinâmica
eleitoral o conflito desvelado por Kalecki.
Lula
sofreu a pressão correspondente quando assumiu a Presidência em 2003, levando-o
a cortar na carne, sob a forma de um ajuste considerado duríssimo. Dilma
fez um segundo, quando chegou à cadeira presidencial em 2011. Ocorre que,
agora, se Lula não aproveitar a potência que trará dos sufrágios amealhados
para romper a camisa de força fiscal, perderá um tempo nevrálgico.
Leia também: A
influência do general Inflação https://bit.ly/3Oa6IAz
O
risco de esperar a revisão da emenda, prevista para 2026, é alto. Tal espera
implicaria assumir o ônus de impor a austeridade a uma população desamparada e
desiludida pelos próximos quatro anos. Haverá um respiro democrático se o teto
for revogado logo no primeiro semestre de 2023, quando a coalizão vitoriosa
terá força máxima no Congresso. Depois, o inevitável desgaste de administrar
uma sociedade arrebentada por (mais uma) década perdida cobrará o preço em
matéria de apoio e negociação partidária.
Como
as bases fiscais do Estado foram deterioradas pela crise que se abriu em 2014 e
segue, será necessário combinar a revogação do teto com uma repactuação tributária que permita conferir progressividade ao
sistema. Se o fizer, a recuperação da capacidade de gasto não
implicará uma explosão da dívida pública, o que não apenas engessaria a concentração
de renda, ao ampliar a canalização do fundo público para os detentores da
dívida, como fragilizaria o Estado diante dos rentistas.
A
alternativa de substituir a regra atual, simplesmente, por alguma austeridade
atenuada, impossibilitando o poder público de agir no curto prazo,
representaria mais do mesmo.
A
posse de Lula não desarmará, por si só, a ameaça autoritária e não
desarticulará em um passe de mágica a base militante e organizada da extrema
direita. Fazer frente ao autocratismo exigirá melhorar as condições de vida
deterioradas, recuperando a criação de empregos e aumentando a renda. Não há
como conciliar essa tarefa com o atendimento das demandas por austeridade.
Austeridade,
aliás, que não entrega o que promete. O golpe parlamentar e a aprovação do teto
lograram recuperar os índices de confiança e os preços das ações negociadas na
Bolsa de Valores, mas a população segue esperando os frutos da estratégia.
A
lei do teto não é apenas uma emenda constitucional, é um mecanismo de sabotagem
que visa desconstruir o pacto de 1988 e abre uma avenida
para o bolsonarismo. Voltamos a Kalecki: "A luta das forças progressistas
pelo pleno emprego é, ao mesmo tempo, uma maneira de prevenir o retorno do
fascismo".
Se
para derrotar a ameaça autocrática impõe-se a conformação de uma aliança
interclassista, tal como a que ocorreu nos EUA para tirar Trump da Casa Branca,
deve ter-se claro os termos da respectiva negociação interna.
Nos
EUA, graças ao levante do Black Lives Matter, em junho de 2020, o peso relativo de Bernie Sanders e do DSA (Democratic
Socialists of America) cresceu. Não por acaso, o pacote apresentado
por Biden em abril de 2021 foi considerado por Sanders, se aprovado, como o
maior avanço em favor da classe trabalhadora desde o New Deal de Franklin
Roosevelt, presidente entre 1933 e 1945. Sua implementação, contudo, segue
sofrendo resistências no interior do próprio Partido Democrata, para não falar
do Republicano.
No
Brasil, como de hábito, o jogo é mais duro, e a pressão para inibir a
necessária ousadia futura começou antes mesmo do pleito. Trata-se de um
conflito que recoloca questões de classe no núcleo do combate ao autocratismo
de viés fascista. O seu desfecho definirá os rumos da democracia brasileira.
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