18 agosto 2022

Acuado

ANTEONTEM ENTROU PARA A HISTÓRIA

Enio Lins, www.tribunahoje.com 

“Somos 156.454.011 eleitores aptos a votar. Somos uma das maiores democracias do mundo em termos de voto popular, estando entre as quatro maiores democracias do mundo. Mas somos a única, a única democracia do mundo que apura e divulga os resultados eleitorais no mesmo dia. Com agilidade, segurança, competência e transparência. Isso é motivo de orgulho nacional”.

O parágrafo acima é um trecho do discurso do Ministro Alexandre de Moraes, proferido em sua posse como Presidente do Superior Tribunal Eleitoral, anteontem. Pois assim 16 de agosto de 2022 virou dia ímpar, quando se reafirmaram os valores democráticos e a independência entre os Poderes Constituídos tal como rezam os princípios do Estado de Direito no sistema capitalista.

16 de agosto de 2022 entrou para a História – com maiúscula – pelo conjunto do ato realizado pelo TSE na posse de seu presidente. Contou com quatro ex-presidentes da República (Sarney, Lula, Dilma e Temer), 22 dos 27 governantes estaduais, todos os presidentes dos Poderes Constituídos – inclusive o titular do Poder Executivo, algoz declarado da Democracia – e autoridades de todos os níveis. Essa representatividade excepcional foi coroada por um extraordinário discurso de posse. Fechou em alfa.

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Discurso de texto simples e direto, mas com pontaria de fazer inveja aos clubes de tiro tão amados pelo ex-capitão. O extraordinário na fala de Moraes está na coragem e na firmeza com as quais ele se contrapôs ao ordinário vociferado pelo cidadão que ocupa a presidência da República. Orou o Presidente do TSE: “é tempo de respeito, defesa, fortalecimento e consagração da democracia. Viva a democracia, viva o Estado de Direito, viva o Brasil”. Falou e disse na cara – lívida e amuada – do indivíduo que, há menos de uma semana, atacou virulentamente a Carta pela Democracia e que agride todo dia a urna eletrônica.

Evolução fantástica é o sistema eleitoral digital, a tal urna eletrônica. Querer retroceder nesse quesito é uma confissão de corrupção deslavada, pois quem possa se lembrar dos sistemas anteriores não pode, em juízo normal, defender a patranha de “voto impresso”, pois a principal forma de auditoria está exatamente o modelo brasileiro em vigor. O “bom voto impresso, auditável” tem longa história de fraudes escandalosas, e uma dessas denúncias envolveu o atual presidente da República no pleito de 1994, quando essa mitológica criatura foi eleita como o terceiro deputado federal mais votado no Rio de Janeiro.

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