Quem ganhou e quem
perdeu no debate da Band?
Luciano Siqueira
Tornaram-se tradição
no Brasil debates entre candidatos à presidência da República marcados por
regras rígidas e restritivas e pela aposta numa ou noutra nuance que favoreça
algum dos protagonistas.
No debate de ontem,
organizado por um pool jornalístico liderado pela Band, essa expectativa se
confirmou mais uma vez.
Não há tempo e espaço
para que os participantes exponham com argumentos claros e fundamentados suas
proposições. Há para o jogo de mini conflitos e tiradas mais ou menos
inteligentes (ou até desastradas).
Então, prevaleceu a
intenção de candidatos e dirigentes de suas campanhas de, em primeiro lugar, não
perder. E, se possível, conquistar um passo adiante.
Para o ex-presidente
Lula, por exemplo, na dianteira das pesquisas de intenção de voto, empatar
seria vencer.
Concomitantemente, os
demais participantes, em posição secundária, procuraram explorar a oportunidade
de pelo menos serem notados pelo eleitorado.
O candidato do
Partido Novo, empresário Felipe D’Avila e as senadoras Soraya Thronicke (União
Brasil) e Simone Tebet (MDB) se esforçaram numa espécie de aposta ou
investimento no tempo futuro, pois são atuais frustrados atores de uma inviável
terceira via.
Ciro Gomes, do PDT,
tem muito do seu desembaraço e traquejo desperdiçado por uma opção tática
equivocada. Ao tratar Lula e Bolsonaro como se fossem polos de uma mesma
entidade, põe em si mesmo sapatos de chumbo que o condenam a um desempenho
eleitoral bisonho.
E se é possível uma
aferição mais precisa, Lula não venceu nem perdeu.
Quem perdeu — e
perdeu feio! — foi o atual presidente da República. Seja pela confirmação da
sua absoluta incompetência, seja pela evidente insegurança e pelo destempero,
seja ainda pela absurda misoginia.
Mas é preciso ter em
conta que debates como esses não se encerram em si mesmos, desdobram-se numa
luta de narrativas conflitantes que se estende pela própria mídia convencional
e nos meios digitais.
Outros debates virão
e já se especula que o núcleo dirigente da campanha do presidente da República
tende a vetar sua participação justamente por considerá-lo inapto para o confronto de ideias. Ou seja, para além do monólogo odioso e negacionista ele perde todas.
Veja; Pedir o voto é um ato de cidadania https://bit.ly/3QUTNTT
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