Na UTI e
nas ruas
Luciano Siqueira, no Vermelho www.vermelho.org.br
Tudo começou há
quase 15 dias atrás: numa feirinha de orgânicos, aqui no bairro, às 6:00 da
manhã, esse amigo de vocês teve um desmaio.
Socorrido na emergência do Hospital Unimed 3, no Recife, constatou-se um quadro
de fibrilação atrial — que vem a ser um distúrbio cardiovascular— e por conta
disso fui feito hóspede da UTI por quase 24 horas.
Nada oculto, mas também nenhum segredo. E, como dizia o cronista social Ibrahim
Sued, em sociedade tudo se sabe.
E assim, pouco a pouco, foram se sucedendo telefonemas e mensagens pelo
WhatsApp, de amigas e amigos e muitos outros simples conhecidos, solidariamente
interessados em saber do meu estado de saúde.
Com uma contradição flagrante: desde a terça-feira passada voltei às ruas, que
frequento com a militância da campanha do nosso deputado Renildo Calheiros,
candidato à reeleição; e de candidaturas de camaradas do Partido que têm base
no Recife, território onde preferencialmente atuo como militante desde a
adolescência, quando era prefeito do Recife Miguel Arraes. Em priscas
eras, diria Haroldo Lima.
Hoje cedo estive em
duas panfletagens matinais, uma delas inclusive com a presença da nossa
vice-governadora e presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos.
Aqui e acolá a
pergunta: "Oxente, você não está doente!?"
Ou: "Os médicos te liberaram para enfrentar o sol quente nas ruas?"
Ou ainda: "Rapaz, você está dirigindo seu carro, isso não é
arriscado?"
Pacientemente respondo que estive na UTI sim, porém segundo os meus médicos
minha saúde é ótima, se assemelha a de uma criança saudável.
(Eles, os médicos,
dizem isso mesmo, analisando a bateria de exames radiológicos, digitais e
bioquímicos a que me submeti. Desconfiam que o distúrbio cardiológico
momentâneo talvez tenha a ver com sequela da Covid, mesmo que eu tenha tido a
doença na forma clínica leve). Até postei um vídeo no Instagram https://bit.ly/3DsQ3FR esclarecendo minha
situação
Na verdade, não havendo nenhuma contraindicação, muito mais do que
anti-hipertensivos e betabloqueadores, faz-me bem estar nas ruas.
É do meu DNA, como se diz. Nunca saí das ruas, sobretudo nas campanhas
eleitorais — sendo eu ou não candidato. Inclusive nos 20 anos em que estive
totalmente absorvido pela chamada frente institucional, tendo sido
vice-prefeito do Recife por quatro vezes, uma segunda vez deputado estadual e
também vereador na capital.
Atribuições de direção partidária não nos eximem do contato direto com o povo e
da convivência com a militância partidária e ativistas do campo popular e
democrático in loco.
Muito ao contrário!
É nas ruas que a gente percebe com uma aproximação maior o nível de consciência
do povo, o grau de ligação dos militantes com os segmentos da população aos
quais pertencem, a aderência ou não do nosso discurso e assim por diante.
Creio também que nenhum dirigente comunista exercerá bem seu papel prescindindo
de mergulhos na realidade concreta através da vinculação com a militância de
base em movimento.
E a disputa eleitoral na qual nós estamos envolvidos, em plano nacional e em
cada estado, nas atuais circunstâncias do mundo e do Brasil, é rica de
elementos novos para os quais é preciso ter a sensibilidade de perceber e a
paciência de analisar, inclusive para constatar o surgimento de novas formas de
luta e de organização.
O velho Lenin,
genial dirigente da Revolução Russa, já nos advertia, na passagem do século 19
para o século 20, que a cada nova conjuntura, embora persistam formas antigas,
o próprio povo cria meios novos de resistir e lutar e de se organizar.
Então, ainda movido pelo meu entusiasmo militante, celebro a felicidade de ter
ficado tão pouco tempo na UTI e de contar com médicos competentes e maduros o
suficiente para me liberarem para a batalha nas ruas.
[Foto: Pedro Caldas]
Veja:
Um candidato se elege porque
seus apoiadores pedem voto
https://bit.ly/3QUTNTT
Grande guerreiro do povo brasileiro. Você sempre foi um grande exemplo de lutador consciente e aguerrido, no dizer de Paulo Freire, que ensina e que aprende. Sempre! Viva!
ResponderExcluirFico feliz de nem ter sabido do seu mal estar. Você está bem e com certeza ficará melhor ainda de volta a militância.Mas, não abuse da saúde.O sol escaldante tem nos dado uma surra.Abraços e saudações comunistas!
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