01 setembro 2022

Palavra de poeta: Carolina Souza

Professor

Carolina Souza*
 
Tu és tudo aquilo que é bem capaz de confundir o espírito de um homem
Minha orgia, sol da minha noite
Estrela da manhã.
És grande e tão pequenino ao mesmo tempo
Meu paradoxo.
 
És a minha certeza e meu medo 
Meu 
céu e meu mal.
És a minha capacidade de perdoar juntamente ao meu orgulho de rei 
És o dente de leão que sobrevoa os mortais, infindo 
Meu pecado mais profano, amargo arrependimento. 
 
Cheiravas a livros desesperados, agora, submeto-me a tua ignorância 
Adorava quando vinhas com aquelas charlas antigas pra me seduzir, cada minuto que passava era mais porque te amar. 
 
A quimera pueril do teu amor sustenta a estrutura dos meus ossos, carne e sentimentos
Eu te transformei num Deus de ego inflado e nada misericordioso.
 
O teu silêncio puxava o estrondo pro limbo que me deixaste vagando
Sabia que enfiaria uma estaca em meu peito, então, suguei a tua força feito vampiro
Irei contar com a cicatrização da carne de teu coração ferido o qual minha estupidez te causou. 
 
Eu confiava cegamente na febre dos teus beijos
Sinestesia era sentir tua carne crua no horário das doces bruxas
Fazia-me padecer o mesmo tal horário da despedida
Não aquele em que me arremessavas àquela rua não calçada e estreita pra seguires teu caminho
Mas no momento em que percebia que tudo o que estava te sustentando em mim, era o gozo
 
Ah, dizei-me tu, minha severa musa, musa da paixão 
O porquê de me deixares estupefata em nossos quartos com o teto de vidro?
Contigo, eu vou à guerra!
Se me deixares, eu morro 
Mas se ficares, será inteiramente por fraqueza 
E eu sofrerei em te ver sacrificar tua felicidade
Entretanto, eu te suplico 
Pra nunca fugires de mim.
 
[Ilustração: Edvard Munch]
 
*Estudante, poeta
Veja: A poesia libertária de Cida Pedrosa — de Bodocó e Recife para o mundo https://bit.ly/3mnZlcd

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