Palavra de poeta: Carolina Souza
Professor
Carolina Souza*
Tu és tudo aquilo que
é bem capaz de confundir o espírito de um homem
Minha orgia, sol da
minha noite
Estrela da manhã.
És grande e tão
pequenino ao mesmo tempo
Meu paradoxo.
És a minha certeza e
meu medo
Meu céu e meu mal.
És a minha capacidade
de perdoar juntamente ao meu orgulho de rei
És o dente de leão
que sobrevoa os mortais, infindo
Meu pecado mais
profano, amargo arrependimento.
Cheiravas a livros
desesperados, agora, submeto-me a tua ignorância
Adorava quando vinhas
com aquelas charlas antigas pra me seduzir, cada minuto que passava era mais
porque te amar.
A quimera pueril do
teu amor sustenta a estrutura dos meus ossos, carne e sentimentos
Eu te transformei num
Deus de ego inflado e nada misericordioso.
O teu silêncio puxava
o estrondo pro limbo que me deixaste vagando
Sabia que enfiaria
uma estaca em meu peito, então, suguei a tua força feito vampiro
Irei contar com a
cicatrização da carne de teu coração ferido o qual minha estupidez te causou.
Eu confiava cegamente
na febre dos teus beijos
Sinestesia era sentir
tua carne crua no horário das doces bruxas
Fazia-me padecer o
mesmo tal horário da despedida
Não aquele em que me
arremessavas àquela rua não calçada e estreita pra seguires teu caminho
Mas no momento em que
percebia que tudo o que estava te sustentando em mim, era o gozo
Ah, dizei-me tu,
minha severa musa, musa da paixão
O porquê de me
deixares estupefata em nossos quartos com o teto de vidro?
Contigo, eu vou à
guerra!
Se me deixares, eu
morro
Mas se ficares, será
inteiramente por fraqueza
E eu sofrerei em te
ver sacrificar tua felicidade
Entretanto, eu te
suplico
Pra nunca fugires de
mim.
[Ilustração: Edvard Munch]
*Estudante, poetaVeja:
A poesia libertária de Cida
Pedrosa — de Bodocó e Recife para o mundo https://bit.ly/3mnZlcd
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