Datafolha: Lula vai a 47%, abre 14 pontos sobre Bolsonaro e
amplia chance de vencer no 1º turno
Petista voltou ao patamar de
50% dos votos válidos, limiar para vencer no dia 2 de outubro
Igor Gielow, Folha de S. Paulo
Faltando
dez dias para o primeiro turno das eleições presidenciais, Luiz Inácio Lula
da Silva (PT)
oscilou dois pontos para cima, atingiu 47% e tem uma dianteira de 14 pontos
sobre Jair Bolsonaro (PL), que se manteve em 33%.
Cresceu assim a possibilidade de o petista vencer no primeiro turno.
A estabilidade com
oscilação positiva para o petista no cenários de uma semana para cá, aferida pela mais
recente pesquisa do Datafolha, vai acirrar a queda de braço entre as duas
campanhas líderes de uma corrida cuja decisão na primeira rodada pode ocorrer
no olho mecânico.
Empatados
em terceiro lugar estão Ciro Gomes (PDT), oscilou de 8% para 7%,
e Simone Tebet (MDB), que segue com 5%.
Soraya Thronicke (União Brasil) oscilou de 2% para 1%, mantendo-se empatada no
limite da margem com Tebet.
A
margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos neste
levantamento, feito de terça (20) a esta quinta (22). O instituto ouviu 6.754
pessoas em 343 cidades, e a pesquisa encomendada pela Folha e pela TV
Globo está registrada sob o número BR-04180/2022 no Tribunal Superior
Eleitoral.
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https://bit.ly/3eqD64I
A boa notícia para Lula é que, com a oscilação,
ele voltou à casa dos 50% de votos válidos, limiar para uma vitória no primeiro
turno. Esse critério, adotado pelo TSE para a contagem da eleição, exclui os
brancos e nulos: quem tiver 50% mais um voto está eleito diretamente. Semana
passada, estava em 48%.
O petista deverá dobrar esforços para
evitar alta abstenção e buscar voto útil dos eleitores dos terceiros colocados,
Ciro e Tebet, e Bolsonaro buscará tentar investir contra a imagem do
ex-presidente para levar a disputa final para o dia 30 de outubro.
O
último ciclo da campanha antes do primeiro turno terá como destaque os debates
na TV no sábado (24), no SBT, e na quinta (29), na Globo. Com efeito, Lula já avisou que não
irá ao primeiro, para reduzir a chance de acidentes.
Mas o petista já esteve
em posição mais confortável na contagem dos válidos com até 54% em maio. E a
abstenção, fator central para definir o universo de votos válidos, não é
aferível de antemão. Assim, Lula fez nesta semana acenos a idosos, grupo mais
propenso a se abster pela não obrigatoriedade do voto acima dos 70 anos.
Não
houve efeito imediato. No grupo de eleitores acima de 60 anos (20% da amostra),
ele oscilou dois pontos para baixo, mantendo vantagem de 47% sobre 40% do
presidente. Outro grupo que historicamente se abstém mais é o dos mais pobres e
menos escolarizados, que votam majoritariamente no ex-presidente.
Lula
apostou também numa simbólica fotografia em
que reuniu oito ex-candidatos a presidente em seu apoio. Mas não houve uma movimentação
significativa em estratos mais instruídos ou de maior renda, teoricamente mais
expostos ao noticiário político da frente em seu favor.
A
força do petista segue residindo nos mais pobres. Entre aqueles que ganham até
2 salários mínimos, 51% dos ouvidos pelo Datafolha, ele foi de 52% para 57%, em
comparação com na rodada anterior, apurada de 13 a 15 deste
mês.
Já
Bolsonaro oscilou de 27% para 24% no segmento, confirmando a pior notícia que
sua campanha colheu, ao lado de sua alta taxa de rejeição.
Leia
também: Sete em dez brasileiros temem ser alvo de agressões por causa de suas
escolhas políticas https://bit.ly/3qOwkJc
O
presidente usou um arsenal de medidas populistas na economia, que foram do mais amplo reajuste
do Auxílio Brasil para os mais carentes a agrados pontuais a caminhoneiros e
taxistas, passando pela sequência de redução nos preços
administrados de combustíveis.
Por
outro lado, a fome e a inflação
ainda alta dos alimentos têm impedido que a melhoria econômica seja percebida entre mais
pobres.
O
presidente melhorou seu desempenho, por outro lado, na faixa de 2 a 5 mínimos
(34% da amostra), justamente a classe média baixa mais sensível à questão dos
preços de gás e gasolina. Saiu de um empate numericamente inferior para Lula
(39% a 40%) para uma vantagem de 43% a 36%.
Do
ponto de vista de imagem, o foco agora deverá ser a tentativa de desgastar
Lula, já que os artifícios bolsonaristas parecem ter chegado ao limite da
utilidade devido à manutenção da rejeição alta. Sua demonstração no 7 de
Setembro não
resultou em ganho fixo, e a busca por uma melhoria de imagem nas viagens
internacionais que fez fracassou, como o vexame
passado na ida ao funeral de Elizabeth 2ª, por exemplo.
No
corte religioso, que viu na semana passada Lula recuperar-se entre os
evangélicos, apesar da grande vantagem de Bolsonaro, a situação é de
estabilidade. No grupo politicamente articulado, que soma 25% do eleitorado
pesquisado, o presidente tem 50% e o petista, 32%.
Nos
demais segmentos, a aferição do Datafolha traz um filme conhecido desta
campanha até aqui. Lula teve seu maior crescimento da rodada anterior para esta
entre os mais pobres, no Sul (14% do eleitorado) e entre os mais jovens (14% da
amostra).
Mais
importante, oscilou um ponto para
baixo, mas segue líder na região mais populosa, o Sudeste (43% dos
ouvidos), batendo Bolsonaro por estreitos 41% a 36%. O presidente, por sua vez,
viu uma melhoria de dois pontos na região.
Sua
entrada no eleitorado feminino permanece com entrave vital à sua pretensão
eleitoral, devido ao seu longo histórico de colocações machistas. Entre elas,
que são 52% da amostra, preferem Lula 49%, enquanto 29% dizem votar no
presidente.
Ciro
e Tebet seguem amargando a terceira colocação mais distante. O pedetista, em
particular, tem se revoltado publicamente contra a
ofensiva petista para lhe tirar apoio. Ele não chegou a desidratar
decisivamente, mas oscilou um ponto para baixo. O voto na dupla por ora é um
dos principais fatores para a eventual necessidade de um segundo turno.
Não
chegaram aos 1% na pesquisa Felipe D'Ávila (Novo), Vera (PSTU), Sofia Manzano
(PCB), Leo Péricles (UP), Constituinte Eymael (PDC) e Padre Kelmon (PTB).
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