27 outubro 2022

Enio Lins opina

MILÍCIAS EM DESESPERO

Enio Lins, tribunahoje.com

 

O bolsonarismo tem método, não é um ajuntamento espontâneo de estupidezes. Seu método não é militar, é miliciano. Não é coisa de polícia linha-dura, é truta do crime organizado. Num paralelo com o nazismo, não seria a essência bolsonarista a SS e sim a SA – Sturmabteilung, milícia liderada por militares renegados, mas formada basicamente por civis violentos organizados em torno de um líder específico, o brutal Ernst Röhm, capitão da reserva do Exército alemão.

A Sturmabteilung foi o grupo responsável pelo combate corpo-a-corpo contra os comunistas, socialistas e democratas, e – especialmente – contra os judeus, considerados os responsáveis por tudo de errado que existia no mundo e especialmente na Alemanha. A intimidação era seu forte e atuava desrespeitando as leis anteriores à legislação nazista. O objetivo era desestabilizar as regras democráticas da República de Weimar e impor as diretrizes de Hitler. A SA aterrorizou entre 1921 e 1934 e chegou a contar com 4,2 milhões de membros.

A intimidação, o culto à violência e o desrespeito institucional tem sido a marca do bolsonarismo desde 2018 e se acentua com a perspectiva de derrota nas urnas. A idolatria às armas, a caracterização como inimigo mortal para quem não adere ao Jair B, a contestação violenta à legislação quando se sentem prejudicados, são algumas das características dessa moléstia política-ideológica. Os tiros e as granadas do bolsonarista-raiz Roberto Jefferson contra a Polícia Federal são a confirmação desse método, agora testando sua modalidade de enfrentamento armado.

O presidiário Jefferson antecedeu seus tiros e granadas com mais uma tentativa de intimidação da Justiça, agredindo verbalmente, entre outros, o Ministro Alexandre de Moraes e a Ministra Cármen Lúcia, ela recebendo adicionais insultos próprios da misoginia bolsonarista. Responder decisão judicial à bala e à bomba é apenas um passo adiante num caminho anunciado com insistência. Em 2 de agosto deste ano Jair B teria dito a interlocutores que “eu atiro para matar, mas ninguém me leva preso. Prefiro morrer” em frase vazada para a imprensa, mas não confirmada nem desmentida pelo próprio.

A prisão do bolsonarista-raiz
 Roberto Jefferson é um sinal importante de que as instituições brasileiras não se dobram às intimidações e o mundo bolsominion reagiu de forma atabalhoada e contraditória, batendo cabeças. O método Ernst Röhm entrou no modo pânico.

[Ilustração: Miguel Paiva]

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