06 outubro 2022

Enio Lins opina

BATALHA VOTO A VOTO

Enio Lins, tribunahoje.com

 

Na luta por novos votos, Jair agarrou os vistosos apoios dos governadores de São Paulo e de Minas Gerais, estados que são potências eleitorais, e causou natural impacto. Lula recebeu as declarações de votos do PDT (incluso aí Ciro Gomes), Cidadania, e parte do PSDB (inclusive Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Tasso Jereissati e Teotônio Vilela Filho), além de Simone Tebet, com parcela expressiva do MDB.

Aparentemente Jair teria avançado mais por conta dos governadores Zema e Garcia estarem no poder, esferográfica a punho. A comemoração antecipada da extrema-direita, entretanto, está equivocada. A principal questão é a seguinte: em quem Zema e Garcia votaram para presidente no primeiro turno? Tudo indica que ambos concentraram seus eleitorados em Jair já em 2 de outubro. Se assim tiver sido, dos 6 milhões de votos conquistados por Zema, a maior parte está nos 5,2 milhões de votos de Bozo em Minas Gerais; e os 12,2 milhões de votos dados ao ex-capitão em São Paulo contêm boa fatia dos 4,3 milhões dos votantes em Rodrigo Garcia (somados a maior parte dos 9,8 milhões de Tarcísio). É mais dos mesmos, ou não?

Nas disputas pelos governos estaduais cada caso precisa ser analisado separadamente. Por exemplo: se, em São Paulo, o mito arrisca a não ganhar nada expressivo com o apoio de Rodrigo Garcia (por já ter os votos dele no 1º turno), o quadro é diferente, e mais negativo, para Haddad. Afinal, os 4.296.293 sufrágios de Garcia são genuinamente votos novos que entrarão na caçapa de outro candidato em 30 de outubro.

O que pode prejudicar Lula é a sensação de que “é fácil” acrescer 1,3% + 1 voto e que não vai perder nenhum dos 57.259.504 votos duramente conquistados no primeiro turno. Ilusão. A militância antifascista precisa imaginar que sua chapa Lula/Alckmin está em segundo lugar, que pode perder por meia dúzia de votos, e daí multiplicar os esforços pela conquista de cada voto novo. Jair Messias é um candidato poderoso, conta com rios de dinheiro do Orçamento Secreto, conta com o sigilo centenário para suas falcatruas e conta com o desespero total de sua quadrilha – e isso vale mais que Zema e Garcia juntos.

Em torno de Lula & Alckmin
 se forma a mais ampla frente antifascista e antiautoritária da história do Brasil e, provavelmente, da América Latina. Momento histórico. Mas o mito tosco e autoritário conta com bilhões do Orçamento Secreto, com a caneta azul federal e com a crença inabalável que tem o poder da impunidade.

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