PROJEÇÃO CACHOEIRANA EM 16
João de Moraes Filho
I
escorrem versos cadenciados
de rotina concreta
enquanto o ano encerra quatro estações.
II
Lá fora, a procissão carrega um corpo nu
sem códigos de barras nem etiquetas azuis.
III
Exilado,
fujo em barquinhos de papel
jogados, em dias de chuva,
no filete de uma lágrima.
IV
Olhando em janelas,
lembro das felicidades,
Baudelaire, Narlan,
aquele homem no bar do horizonte
com braços abertos e a felicidade do mundo,
num milagre antecipado.
V
Todos os sóis nascem pontualmente
em portos de margens estreitas
no exprimido das cidades.
VI
... fujo fingindo-te amor,
para não morrer dizendo não.
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