NO CENÁRIO MUSICAL LATINO, DUAS GRANDES PERDAS
Dois músicos
referenciais se foram anteontem. Encerraram as carreiras e passam a ter
vida eterna em suas gravações: Pablo Milanés e Erasmo Carlos. Um cubano, outro
brasileiro, estilos distintos, idades aproximadas, Pablo com 79; Erasmo 81 – a
mesma geração.
Erasmo Carlos cravou sua imagem com
o programa Jovem Guarda, transmitido pela TV Record nos anos 60, juntamente com
Roberto Carlos, seu parceiro e amigo-irmão (tinha gente achava que seriam
irmãos mesmo, considerando o segundo nome, Carlos, como sobrenome). Era o
“Tremendão” e fazia o papel de roqueiro pacífico, romântico, sem pedras a
rolar. Aparentemente se dava bem com todo mundo e não se envolvia em polêmicas.
Pablo Milanés (a pronúncia, em
português brasileiro, vai sendo escrita como Milanês, Milanez...) furou o
bloqueio imposto à Cuba e chegou ao Brasil pelas mãos de Chico Buarque,
inicialmente com “Yolanda”, depois sequenciado em parceria tríplice com Milton
Nascimento em “Canción por la unidad latinoamericana”. Era um defensor da
revolução cubana, sem deixar de fazer um rol de críticas ao governo da ilha,
polemizou politicamente com o PC Cubano, mas antirrevolucionário jamais!
Lula e Alckmin se
pronunciaram sobre a morte de Erasmo. Lula, em postagem no Twittter, fez
referências elogiosas como “amigo de fé, irmão camarada, cantou amores, a força
da mulher e a preocupação com o meio ambiente”; Alckmin disse, também por
Twitter, que “a perda de Erasmo Carlos é sentida por todos os brasileiros”. Não
foi noticiado se o futuro ex-presidente falou algo sobre a morte do “gigante
gentil”, como Rita Lee chamava o amigo grandão.
Miguel Diaz-Canez, presidente de
Cuba, tuitou (de Moscou, onde está em visita oficial) que “morre um de nossos
maiores músicos, voz inseparável da trilha sonora de nossa geração”, enquanto o
primeiro-ministro Manuel Marrero, de Havana, declarou que a cultura da ilha
está de luto pela morte de um dos fundadores da Nova Trova Cubana.
Foram ambos
artistas prolíficos. Erasmo Carlos gravou 30 discos, Pablo Milanés gravou 30 discos. Essa
conta pode variar para mais quando se fizer um balanço mais detalhado da
produção de cada um, afinal sempre escapa algo aos pesquisadores, e não se pode
descargar a existência de gravações e/ou composições inéditas, quase sempre
encontradas nos baús pessoais aqui ou ali.
Dois artistas do
primeiro escalão da música latino-americana, que viveram
intensamente décadas efervescentes neste lado do mundo. Cada qual a seu modo,
inovaram em suas composições e modo de vida, souberam tocar milhões de corações
e mentes.
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