06 novembro 2022

Seleção em ação

Brasil-sil-sil-sil

Cícero Belmar*

 

Somente agora, que a campanha eleitoral passou, é que deu tempo de se sentar no banco do cotidiano e calçar as chuteiras da Seleção. A partir de hoje, “oficialmente”, deixamos de ser o País da Política e ingressamos nesta nova fase do País do Futebol.

O acompanhamento dos fatos políticos foi tão exaustivo que deu a sensação de que vivemos dias demais para um único ano. Trouxe um cansaço de emoções. De overdose em overdose de mentiras, mágoas e medos, sobrevivemos a um século que começou em janeiro. Ufa, acabou!

Começa agora a expectativa real com a Copa do Mundo, e olha que coisa, em cima da hora, faltando 20 dias para o início da competição mais importante do Planeta.

E mesmo assim, tão perto de o juiz apitar o início dos jogos, ainda não se pode dizer com toda certeza que teremos 215 milhões “de corações batendo de uma só vez”. O resultado do segundo turno ainda vai deixar muita gente se estranhando por aí.

Até ontem, por exemplo, quem vestia a camisa verde e amarela da Canarinha torcia por um candidato. Houve uma apropriação indébita que, de alguma forma, restringiu a torcida. Quem não queria ser confundido, no período eleitoral, evitou usar essas cores.

Bola pra frente, que o Galvão quer gritar gol: de 20 de novembro a 18 de dezembro, será conhecido o Campeão Mundial de Futebol. Claro que todas e todos queremos que o Brasil traga para casa a sexta estrela para colocarmos no lado esquerdo do peito. Hexa é Luxo.

As atuais cinco estrelinhas, na camisa, para mim, já é uma das provas incontestes de que o Brasil é o País do Futebol. Mas, eu digo e desdigo no mesmo instante, pois já fiquei me perguntando: antes dessas cinco, e até mesmo da primeira, em 1958, não se dizia que esta era “a pátria do football”? Já.ENUNCIAR ESTE ANÚNCIO

Sim, já se falava que o brasileiro era louco pela guduchinha, que tinha vocação e talento para o futebol. Que esse era o esporte nacional e das multidões. Havia até os desinformados jurando e apostando que o esporte  nascera aqui, quando de fato foi na Inglaterra.

Não fique triste, não se zangue. Se você for à Argentina os torcedores de lá também dizem a mesma coisa. Acham que a Argentina é o País do futebol. E os italianos, idem. Que a Itália é o País do futebol. Será que “aqueles” alemães dizem essa mesma coisa? Desculpem, foi mal. Vamos pular essa parte.

Realmente, até as olimpíadas na alta pandemia de covid-19 entusiasmaram mais do que essa Copa. É certo que a realização em pleno novembro e dezembro faz com que ela seja diferente das outras, que ocorriam no meio do ano. E os jogos no Oriente Médio também contribuem para essa desmotivação inédita.

Somado a tudo isso, a Seleção Brasileira não empolga muito. Há craques estrelados, milionários, festejadíssimos, mas sem o brilho e sem o charme de outros grandes que já fizeram história. Mas, quem sabe, caberá exatamente a esses a tarefa de unificar o povo brasileiro num mesmo grito, numa mesma causa, numa mesma alegria? Quem sabe, eles nos devolverão a certeza de sermos, outra vez, o País do Futebol?

*Jornalista, escritor, membro da Academia Pernambucana de Letras

As múltiplas cores da vida https://bit.ly/3fQkBY8

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