27 novembro 2022

Uma crônica de domingo

Porque as emoções dão cor à vida

Luciano Siqueira



Um desses domingos surpreendentes — contraditório, prazeroso.

Após breve caminhada, um café da manhã saudável, movido a sabor só agora recuperado, após segunda jornada de Covid que deixou marcas Incômodas: paladar e olfato distorcidos, apetite zero; fadiga constante, na contramão de quem se movimenta e trabalha muito...

E eis que, no Instagram, você, moça, não se contém e proclama-se eufórica, sensível, emocionada, o coração acelerado por repentina paixão.

E multiplica no stories imagens da vida que pulsa desde os primeiros raios da manhã, tendo ao fundo a bela canção de Rubel: "Se for preciso, eu crio alguma máquina/Mais rápida que a dúvida, mais súbita que a lágrima/Viajo a toda força, e num instante de saudade e dor/Eu chego pra dizer que eu vim te ver..."

Bem sabe, moça, gosto dos seus registros sobre a vida em suas contraditórias ocorrências cotidianas e díspares emoções. Mesmo quando apenas expressos através de uma tulipa de chopp, tendo ao fundo uma canção melosa...

E na manhã de hoje, ao sabê-la assim tomada pela paixão, envolta por aquela brisa tão incrivelmente intima e só descritível pelo mais sensível dos poetas, cá me percebo solidariamente feliz.

Feliz por você, moça. E por quem você ama.

E compartilho à distância seu instante mágico com uma taça de um bom tinto Merlot.

Para que viva plenamente esse instante, inspirada na poeta Cecília "porque a vida, a vida, a vida,/a vida só é possível/reinventada".

E receba imaginária rosa vermelha envolta no verso de Rubel: "Que amor tão grande tem que ser vivido a todo instante..."

Tudo porque este é um domingo de sol e magia.

E porque as emoções dão cor à vida.

[Ilustração: Edaward Hopper]

Leia também: Implacáveis marcas do tempo https://bit.ly/3noLqTH

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