Atos antidemocráticos têm casos de violência e crimes em
série de bolsonaristas
Manifestações golpistas
incluem agressões, sabotagem, saques, sequestro e tentativa de homicídio
Folha de S. Paulo
A escalada da violência nos
atos antidemocráticos liderados por bolsonaristas fez
desmoronar o discurso público do presidente Jair Bolsonaro
(PL) e de seus aliados, que destacavam as manifestações como
ordeiras e pacíficas e buscavam associar protestos violentos a grupos de
esquerda.
Com casos de violência que incluem agressões, sabotagem, saques,
sequestro e tentativa de homicídio, as manifestações atingiram seu
ponto crítico e acenderam o alerta das autoridades, que
realizaram prisões e investigam até possível crime de terrorismo.
Os responsáveis poderão ser punidos na Justiça com base na Lei
Antiterrorismo, legislação que os próprios bolsonaristas tentaram
endurecer visando punir manifestantes de esquerda.
O caso mais recente de violência de violência ocorreu na última
segunda-feira (12).
Horas após a diplomação de Lula, uma ordem de prisão expedida
pelo ministro Alexandre de Moraes,
do STF (Supremo Tribunal Federal), contra um indígena
bolsonarista acabou em atos de violência em frente à sede da Polícia Federal e
em vias de Brasília.
Nesta semana, reportagem
da Folha revelou que caminhões usados em bloqueios
antidemocráticos de estradas e avenidas do Centro-Oeste contra a eleição de
Lula já estiveram envolvidos em crimes como tráfico de drogas, contrabando e
crime ambiental registrados pela polícia.
As informações constam de documento enviado pela PRF (Polícia
Rodoviária Federal) ao STF a partir do levantamento de placas dos veículos que
participaram de um comboio organizado por manifestantes em Cuiabá (MT) no dia 5
de novembro.
Os atos antidemocráticos que pedem um golpe militar e escalam em
casos de violência pelo país têm sido atiçados pelo presidente Jair Bolsonaro
(PL) desde a sua derrota para o petista Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no
segundo turno das eleições.
Na semana da derrota, em uma rápida declaração, ele disse
defender os atos, tendo ali apenas condenado os bloqueios de estradas por seus
apoiadores. Já no final da semana passada quebrou um silêncio de 40 dias com um discurso dúbio que
também atiçou seus apoiadores.
O discurso na sexta foi salpicado de referências às Forças Armadas,
repetiu a retórica de campanha e estimulou indiretamente manifestações antidemocráticas dos
seguidores que contestam a vitória do petista em uma inédita
derrota para um presidente que disputava a reeleição no país.
Organizadores e participantes de atos antidemocráticos
realizados desde o fim das eleições diante de quartéis pelo
país podem ser punidos por incitação e por crimes contra o Estado democrático
de Direito.
Especialistas ouvidos
pela Folha afirmam que protestos
que pedem a intervenção militar atacam a própria Constituição e não estão protegidos
pelo direito à liberdade de expressão. A punição para cada conduta deve ser
avaliada de forma individual.
Manifestantes que exercem cargos públicos e se manifestam contra
o Estado também podem responder a processos administrativos e sofrer punições
específicas, a depender da carreira.
VEJA CASOS DE VIOLÊNCIA PELO PAÍS
Brasília
Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) tentaram
invadir o prédio da Polícia Federal em Brasília. Após serem repelidos, os
manifestantes foram para outras vias da cidade e atearam fogo em ao menos dois
ônibus e em carros. Eles ainda depredaram postes de iluminação e tentaram
derrubar um ônibus de um viaduto
Rondônia
Parte da cidade de Ariquemes ficou sem água depois que manifestantes quebraram
adutora com escavadeira. Ministério Público investiga se houve crime de
terrorismo por sabotagem a serviço público essencial à população. Também houve
ataque a caminhões com incêndio, depredação e saque. Em outras cidades, um
caminhoneiro e um carro foram apedrejados
Pará
Manifestantes atiraram contra agentes da PRF em Novo Progresso. Ministério
Público investiga se houve tentativa de homicídio qualificado e outros nove
crimes
Mato Grosso
Em Lucas do Rio Verde, Homens invadiram e incendiaram caminhões em base de uma
concessionária. Em Sinop, dois caminhões foram atingidos por tiros. Dois
caminhões-tanque foram incendiados e um funcionário de concessionária foi
sequestrado
Santa Catarina
PRF apura ocorrências criminosas promovidas por baderneiros com métodos de
grupos terroristas e black blocs. Houve bombas caseiras e rojões, além de
pregos para furar pneus, pedradas e barricadas. Um homem é suspeito de associação
criminosa, desobediência de ordem legal e outros crimes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário