Minha opinião

Quem tem tempo não tem pressa
Luciano Siqueira

 

Não sei exatamente o autor primeiro da expressão que frequentemente utilizava o ex-governador de Pernambuco e ex-vice-presidente da República Marco Maciel: "quem tem tempo não tem pressa". 

O hábil líder conservador pernambucano se referia à necessária paciência na construção de saídas para situações complexas.

Tinha razão.

Eu mesmo tive a oportunidade de conviver por 24 anos com um líder do campo oposto, à esquerda, o ex-governador de Pernambuco por três vezes Miguel Arraes.

Arraes praticava a paciência na tecitura das alianças políticas. Sem pressa nem precipitações.

O fato é que agora que entramos em dezembro e nos aproximamos celeremente do 1 de janeiro de 2023, quando se iniciará o novo governo Lula, as pressões para que o presidente eleito anuncie antecipadamente futuros ministros de áreas tidas como nevrálgicas — a Fazenda, sobretudo — aumentam rapidamente.

Óbvio que se disputa, nesse caso, os rumos da economia. Vale dizer, em que medida o intuito da reconstrução nacional dialogará com elementos basilares do ideário neoliberal — se é que isso será possível.

Mas Lula já antecipou que só após a sua diplomação pelo TSE e, portanto, praticamente às vésperas do Natal, revelará nomes dos ocupantes da Esplanada.

Isto no âmbito de uma larguíssima frente político-eleitoral que assegurou a vitória contra o atual presidente da República e que agora, na esfera do parlamento, se amplia mais ainda no intuito de alcançar correlação de forças necessária à governabilidade.

Qualquer precipitação em relação à composição do primeiro escalão do novo governo provocaria desvio de foco e desgaste político desnecessário.

Enquanto isso, as equipes de transição se debruçam sobre os dados obtidos do governo findo visa vis compromissos assumidos pela chapa Lula-Alckmin e os limites e possibilidades orçamentários.

Um trabalho árduo, que agora se intensifica.

Nesse contexto, realmente se há tempo não há motivo para pressa.

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