01 dezembro 2022

Copa do Mundo: destaques

Seleção brasileira é melhor no sistema defensivo até agora

Thiago Silva, Marquinhos e Casemiro, além de Vinicius Junior, foram os destaques nos dois jogos
Tostão, Folha de S. Paulo

 

atuação do Brasil contra a Suíça, até sair o gol da vitória, foi muito parecida com a contra a Sérvia, até sair o primeiro gol. Nas duas partidas, o Brasil, na maior parte do tempo, foi muito previsível, certinho, sem troca de posições, o que facilitava a marcação, a não ser quando a bola caía nos pés de Vinicius Junior. Parecia o desenho na prancheta. Isso, até o volante Casemiro bagunçar o coreto, improvisar, avançar como um meia e fazer o gol.

Assim também aconteceu contra a Sérvia, com o surpreendente e belíssimo gol de voleio de Richarlison.

O Brasil, nas duas partidas, como aconteceu nos últimos quatro anos, foi melhor no sistema defensivo do que no ofensivo. Thiago Silva, Marquinhos e Casemiro, além de Vinicius Junior, foram os destaques durante todo o tempo nos dois jogos.

O Brasil tem problemas e dificuldades, como todas as outras seleções favoritas ao título, mas dá para ser campeão, mesmo sem encantar. É uma equipe segura e consistente. Com a volta de Neymar, a equipe poderá evoluir, vencer e fascinar.

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Holanda x Estados Unidos e Inglaterra x Senegal farão duas das oitavas de final. A Holanda parece melhor do que é, e os Estados Unidos são melhores do que parecem, mesmo sem grandes jogadores. A Inglaterra tem organização tática e bons jogadores. Contra o País de Gales, o técnico, enfim, escalou os melhores (Rashford e Foden). Kane ainda não marcou na Copa, mas dá show de lucidez, criatividade e ótimos passes para gols. Os ingleses, favoritos, terão dificuldades contra Senegal, a melhor seleção africana.

Na coluna anterior, exagerei, com ironia, ao falar que Giroud, centroavante da França, é nulo quando não faz gol, porque não pega na bola. Não quis desprezar os centroavantes apenas goleadores. Eles são importantes, embora, às vezes, é melhor não ter um centroavante fixo e ter mais jogadores que façam gols. O ideal é possuir centroavantes que marcam e que criam jogadas para os companheiros. São poucos os craques, como Benzema e Kane.

Portugal tem alternado ótimos e maus momentos. Há excelentes jogadores do meio para frente. O técnico Fernando Santos prefere escalar João Félix, que quase sempre joga mal na seleção e no Atlético de Madrid, e deixar de fora Rafael Leão, que quase sempre atua muito bem no Milan e na seleção, quando entra. O treinador português me passa também a imagem, durante o jogo –posso estar enganado– de melancolia e pessimismo.

As atuações na Copa são importantíssimas, mas não podemos criar conceitos definitivos, muito menos por apenas um jogo, da qualidade dos jogadores, mesmo sendo um Mundial. Os apressados e inconsequentes estão preocupados em criar heróis e vilões.

Messi não deixará de ser um dos três maiores da história se a Argentina não se classificar nesta quarta-feira (30) contra a Polônia. Se ganhar, a Argentina pode se agigantar na competição, como já aconteceu com outras seleções que começaram mal.

O tempo passa, e alguns países que, décadas atrás, fizeram grandes planos de se tornar potências mundiais no futebol, como Estados Unidos e Japão, não conseguem, mesmo melhorando, se aproximar das fortes seleções. Isso apesar dos altíssimos investimentos na estrutura e na formação de atletas. Não há uma fórmula, um modelo que garanta a produção de bons jogadores em série, como se fosse uma fábrica de parafusos, o que me lembra do inesquecível filme "Tempos Modernos", de Charles Chaplin.

O craque não se faz na escola.

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