A propósito da hipótese de ser estrangeiro o novo técnico da seleção
brasileira masculina de futebol, que abordei aqui no blog https://bit.ly/3BInDG2 - registro a opinião bem fundamentada de Eduardo
Granja.
Uma experiência enriquecedora
Eduardo Granja*
Sobre a possibilidade de termos um
treinador estrangeiro na Seleção Brasileira, tive uma inclinação emocionada
logo após a desclassificação de aceitar de "bate-pronto". Mas, após
pensar melhor com a cabeça mais descansada e após o término da Copa do Mundo,
acho importante qualificar mais essa questão.
Primeiro temos que considerar que,
talvez, escorregamos numa soberba ou excesso de confiança nas duas últimas
Copas. Ou até mesmo numa falta de capacidade de mudar o plano tático quando o
adversário nos criou dificuldades. Foi assim contra a Bélgica em 2018 e agora
contra a Croácia. Em ambas as situações tínhamos valores individuais e até como
equipe para superar os adversários. Vale considerar também que nas duas últimas
Copas que vencemos (1994 e 2002), mudamos o plano tático e algumas peças da
equipe no decorrer da Copa. A França de 2018 e a Argentina de 2022 também. Ou
seja, há de se considerar que a Copa tem uma dinâmica que exige avaliação
permanente e reorientação de planos. Os nossos inúmeros talentos serão sempre
nosso principal ponto de desequilíbrio frente aos adversários, mas não podem
ser uma muleta para nossas deficiências táticas e de preparação como um todo.
Uma segunda questão que vale a reflexão
é essa da preparação. Num universo do futebol moderno, onde há equilíbrio
físico e intercâmbio técnico nas principais ligas europeias hão alguns aspectos
que são fundamentais para montagem de uma equipe vencedora.
Leia
também: Substituto de Tite: estrangeiro ou brasileiro? https://bit.ly/3VehbgQ
Primeiro um alinhamento de propósitos dentre todo elenco, staff e comissão técnica. O segundo é um trabalho, com o apoio da psicologia, para formação de um forte alma de campeão e de identidades que deem sentidos materiais, sociais e espirituais ao
resultado.
Os últimos ciclos nos passam que esses aspectos, tanto o tático quanto os da preparação, não foram bem trabalhados. Tínhamos uma seleção que só tinha um plano de jogo e que as individualidades se sobreponham dentro e fora de campo.
Bem, já logramos vitórias na Era do Futebol Moderno com técnicos brasileiros. Eles tiveram, ao seu tempo e contexto, a capacidade de mudar o jogo, unir o grupo e liderar vitórias. Assim, não considero que a nacionalidade do treinador seja o essencial para a escolha neste novo ciclo que vai se abrir.
Mas, trazendo de volta a inclinação emocionada que citei no início do texto, dando caráter racional a ela, acredito que seria enriquecedor nos abrirmos para uma experiência com um Pepe Guardiola ou Carlos Ancelotti. Europeus latinos, vencedores, com ideias de jogo
inovadoras e inspiradas no Futebol Brasileiro. Eles também trariam até uma autoridade e blindagem ao trabalho que inexoravelmente tem que ser realizado
dentre de uma estrutura complicada e carcomida que é a CBF.
• Sócio administrador da Triunfo Produções em Esporte, Lazer e Cultura. Secretário de Esporte e Juventude da Prefeitura do Recife (2008-2012). Ex- Vice-presidente de MKT e Comunicação do Clube Náutico Capibaribe (Gestão 2012-2013). Ex- Coordenador Nacional de Esporte e Lazer do PT (2011-2016). Profissional de Educação Física e Especialista em Ciências Políticas.
O mundo gira. Saiba mais https://bit.ly/3Ye45TD
Um comentário coerente com uma máxima, não apenas no futebol, mas do esporte, como um todo: em matéria de competência, a nacionalidade é o resultado. A qualidade tática ou técnica, não pressupõe xenofobia.
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