Tempo é importante para se
formar um bom conjunto, assim como a qualidade dos atletas
Tostão/Folha
de S. Paulo
Pela qualidade dos elencos,
não deve haver muitas novidades no desempenho e nos resultados da maioria das
equipes brasileiras em relação aos últimos anos. As maiores dúvidas,
especialmente no Brasileirão, são
o desempenho dos grandes clubes que retornaram à Primeira Divisão (Cruzeiro, Grêmio, Vasco e
Bahia). Todos contrataram muitos jogadores, alguns que já foram bem em fortes
equipes da Série A.
Certamente, durante um bom período, escutaremos que falta
entrosamento. O tempo é importante para se formar um bom conjunto, porém, mais
importante ainda são a qualidade dos atletas e a escalação de
jogadores que se completam nos estilos.
Suárez é um
jogador especial, um dos grandes centroavantes do mundo nos últimos tempos, mas
é cedo para dizer que ele será um sucesso no Brasil, após fazer três gols na
estreia pelo Grêmio, contra um frágil adversário.
Suárez é muito mais que um artilheiro. Embora em declínio
técnico, ainda é um craque, pelos movimentos, pela lucidez coletiva e pelos
passes que dá para gols. No Barcelona, entre Messi e Neymar, foi o farol que iluminava a passagem dos
dois.
Assim, foi também em muitos clubes e na seleção uruguaia. No
PSG, com três supercraques (Neymar, Messi e Mbappé), falta um centroavante no estilo de Suárez.
No Grêmio, Renato, com suas deliciosas brincadeiras, disse que,
se tivesse jogado com Neymar e Messi, teria feito mais gols que Suárez. Poderia
até fazer, mas não seria um grande facilitador para os dois.
Pelé e Coutinho foi a melhor dupla que vi atuar,
pois se completavam em campo. Coutinho era referência para o Rei. Os dois combinavam as jogadas pelo
olhar, pelo movimento do corpo, pela respiração e pelos batimentos
cardíacos.
Benzema e Vinícius
Júnior formam outra sensacional dupla, pela complementação de
estilos. É a união do drible, da velocidade e da habilidade com a técnica e a
lucidez coletiva. Faltou à seleção brasileira um Benzema. O melhor momento de
Cristiano Ronaldo foi no Real, com a ajuda de Benzema.
Repito, pela milésima vez, pois pode ter alguém que ainda não
leu, que, na primeira ocasião em que treinei ao lado de Dirceu Lopes, no
Cruzeiro, em 1964, ambos com 17 anos, parecia que já jogávamos juntos há mil
anos, pois nos completávamos em nossas características. Um pensava o pensamento
do outro.
A Argentina, na Copa do Mundo,
depois da derrota no primeiro jogo, formou um novo meio-campo, com Enzo
Fernández pelo centro, De Paul pela direita e Mac Allister pela esquerda. O
treinador Scaloni mudou várias vezes a estratégia e a escalação, mas sempre
manteve os três juntos. Os três e Messi se
completavam.
No Fluminense, Ganso e André
se completam no meio-campo. Mesmo marcados e em pequenos espaços, trocam passes
curtos, sem perder a bola, e avançam com a colaboração dos companheiros.
Ganso, quando surgiu no futebol, brilhou intensamente, mas, logo
depois, se apagou, porque parecia um ET, em uma época em que o meio-campo era
dividido entre os volantes que marcavam e os meias que atacavam. Ganso era
estranho em sua maneira de jogar. Os tempos têm mudado, e ele, com a ajuda dos
companheiros e do técnico Fernando Diniz, volta a brilhar, do mesmo jeito que
jogava.
O jogo de futebol não quer ensinar, mas ensina que, para se
formar uma grande equipe, além da associação de talentos, de estilos que
completam, de desejos e de estratégias, é preciso ter também generosidade e
solidariedade.
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