Minha opinião

Os que nada sabem e os que pensam que sabem tudo
Luciano Siqueira

 

Semana passada atualizei um texto de referência para oficina sobre o trabalho político junto ao povo, destinada aos militantes do PCdoB.

A primeira versão data de 1986. Desde então fiz ajustes — tanto pela experiência concreta da oficina como por novas leituras correlatas ao tema.

Experimento sempre a sensação de que sei pouco. 

E de que é preciso estar sempre aberto a aprender.

Em contraste com os que sabem quase nada, mas pensam que sabem, e os que sabem alguma coisa e pensam que sabem tudo.

Frequentemente, através de mensagens pelo WhatsApp, sou instado a explicar este ou aquele fato da cena política ou mesmo conceitos frequentemente manuseados por quem governa.

"Você que foi vice-prefeito por tanto tempo...", introduzem antes de sapecarem perguntas que nem sempre estou em condições de responder.

Anteontem me perguntaram sobre os fundamentos da reforma tributária que Fernando Haddad, ministro da Fazenda, promete para breve.

"Essa temática para mim é como um texto em grego ou em sânscrito. Não compreendo", respondi sinceramente.

"Não seja modesto", contra argumentou um interlocutor, não sei se sinceramente ou para ser simpático face a minha confissão de absoluto despreparo na matéria.

Não exatamente para satisfazer a curiosidade dos amigos, mas para compreender nuances importantes do esforço de reconstrução nacional, agora em curso no governo Lula, todos nós devemos nos esforçar por compreender pelo menos o sentido essencial das coisas.

Uma reforma tributária pelo menos medianamente justa, creio, deve superar essa injustiça absurda que perdura em nosso país há décadas: quem tem pouco e ganha muito pouco paga imposto sobre tudo e os multimilionários são dispensados de tributos diversos. E gritam logo quando se fala em taxar as grandes fortunas!

Esse é um ninho de vespa, dentre tantos. Se o governo quiser desfazê-lo terá que contar com apoio popular. Por isso é preciso esclarecer a população que sabe um pouco, na qual conscientemente me incluo.

Quanto aos que sabem quase nada e pensam que sabem tudo, continuarão inapelavelmente condenados à vala comum da presunção.

O mosaico da vida que segue https://bit.ly/3Ye45TD