O negócio, até Quarta-Feira de Cinzas, é a chama carnavalesca
Enio Lins www.eniolins.com.br
Olha o Carnaval aqui genteee!!! Em verdade, o
reinado de Momo começou há, no mínimo, uma semana – e em todo Brasil, com
variações de forma de um canto para outro, mas o conteúdo é o mesmo: a pândega
está instaurada desde sexta-feira que passou.
Muito já se escreveu sobre as origens do Carnaval,
filho legítimo das saturnálias, do culto a Dionísio, Baco, Pã, à pqp... trazido
no formato do “Entrudo”, esbórnia lusitana de rua, aqui encontrou a cachaça
como combustível apropriado.
Enfim, carnavalizemo-nos todos, todas e todes, ou
antecipemos as cinzas da quarta-feira, pois esses dias não têm como voltar a
ser normais. Caso queira resistir se trancando em casa, verá os fluidos foliões
se imiscuírem pelas frestas e pelos buracos das fechaduras.
Entregue os pontos, apenas torça para que o som
invasor permita que você leia algo, ou assista um filme, ou mesmo arrisque
escutar alguma música distinta da trilha sonora do momento. Inútil resistir,
relaxe aproveitando as brechas, ou caia na folia.
Há muito tempo o período carnavalesco é tempo de
grande movimentação econômica, com adiposos recursos carreados paras blocos,
bandas, escolas de samba, trios elétricos, e o turismo – atividade que, em todo
Brasil, esgota sua capacidade de recepção.
Evidentemente que o Carnaval começa como manifestação
cultural popular, mas termina como atividade econômica cada ano mais pujante,
fazendo circular montanhas de dinheiro, irrigando também, com um tico, os
setores mais populares.
Quem estuda esse traço cultural dito “a cara do
Brasil” encontra um carnaval de informações preciosas, e artigos de ótima
qualidade caem do alto como confetes e serpentinas. Sempre é bom ler e reler,
antes ou depois da folia, lógico.
O modelo de carnavalizar foi se diversificando,
como formatos de negócios e perfis artísticos/musicais, a partir da
nacionalização do modo carioca de se esbaldar, nos anos 40, e depois os estilos
pernambucano e baiano entraram no octógono com gosto de gás.
Os demais formatos regionais ficaram para os
livros, se é que ficaram. O Tríduo Momesco se fechou num trio de figurinos:
Samba, Frevo, Axé (ou outro nome da hora, pois a criatividade baiana não fica
quieta) à escolha do público.
Quando se fala em carnaval/espetáculo, muito
dinheiro evolui na avenida – sambando, fazendo o passo ou seguindo o trio
elétrico – em investimentos pesados cujas fontes principais são o erário e a
contravenção. O carnaval espontâneo é outra coisa.
Espontaneamente, embora siga culturalmente os
padrões da tríade carnavalesca em música, dança e figurino, o povo se resolve
com o próprio bolso, em grupos de folia nas ruas ou nas casas, cujas
características talvez estejam sendo menosprezadas.
Fato é que o período se amplia em dias de farra,
investimentos, opções, geração de renda e trabalho. Com seus perigos de sempre,
assinale-se, pois o excesso é marca registrada deste tempo em que as fantasias
vêm de dentro, irrompem com força.
Seja qual for sua opção, incusa aí a alternativa
“retiro”, ótimo Carnaval.
É o frevo, meu bem https://bit.ly/3Ye45TD
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