19 fevereiro 2023

Futebol: arte e força

Como é bom um jogo bem jogado

Tivemos várias partidas de alto nível no meio da semana, por diferentes competições
Tostão/Folha de S. Paulo

 

futebol vive uma epidemia de estatística de todos os tipos, de todos os gostos. Umas, essenciais para o conhecimento e as análises; outras, inúteis, que servem para entretenimento e aumento de audiência. Adoram também comparar os números, mesmo com amostragens bem diferentes. Basta um jogador fazer alguns gols em poucas partidas para ser considerado grande artilheiro.

No meio de semana, independentemente das dezenas de estatísticas mostradas, tivemos vários jogaços, no Brasil e na Europa, por variadas competições.

Corinthians e Palmeiras fizeram um belo e equilibrado jogo, Raphael Veiga e Rony se associaram em dois gols. Há tempos falo que Rony é melhor do que parece. Ele é ainda melhor do que eu pensava. Abel Ferreira tem experimentado o garoto Endrick pelos lados, onde vai aproveitar melhor sua velocidade. Ele e Rony se revezam no centro do ataque.

Corinthians, em casa, é muito forte. Terá de resolver a carência afetiva quando joga fora, por causa da ausência da torcida. Ainda não entendi a razão das escalações frequentes de Romero, no início das partidas ou durante elas. Deve ser uma saudade do que ele jogava.

Contra o Palmeiras, o Corinthians formou um trio no meio de campo com um volante (Roni) e um meio campista de cada lado (Giuliano e Renato Augusto), como é habitual nas equipes europeias. Acharam estranho e corajoso. O Brasil continua pensando no passado, na época dos dois volantes em linha, mais marcadores, e um meia de ligação, o camisa 10.

Corinthians e Palmeiras precisam de contratações para melhorar a qualidade do elenco. Faltam bons substitutos para Róger Guedes e Yuri Alberto e para Zé Rafael e Raphael Veiga.

Na Europa, pela Copa dos Campeões, o que me surpreendeu na vitória por 1 a 0 do Bayern de Munique sobre o PSG, em Paris, foi o total domínio dos alemães. O Bayern atuou com três zagueiros e sete jogadores no campo adversário. Os alas eram pontas, agressivos. O PSG só melhorou após o gol do Bayern e a entrada de Mbappé.

Pelo Campeonato Inglês, outro jogaço, o Manchester City venceu o Arsenal em duelo equilibrado. Guardiola, como fez o Bayern contra o PSG, escalou três zagueiros e sete jogadores no campo adversário. Não deu certo na defesa nem no ataque. No intervalo, o técnico mudou, e o City melhorou. Haaland fez mais um gol. Porém, neste período com o artilheiro, o City teve uma queda no desempenho e nos resultados. Isso não significa ser por causa do Haaland, mas Guardiola está atento.

Pela Liga Europa, outro belo jogo entre Barcelona e Manchester United, empate por 2 a 2. A partida foi tão boa quanto as melhores entre os principais times da Copa dos Campões. Barcelona e United cresceram muito nesta temporada. Os garotos do Barça, Pedri e Gavi, estão a cada dia melhores, embora falte ainda aos dois a sabedoria de um meio-campista como Modric.

Outra emocionante e excelente partida foi a vitória do Borussia Dortmund sobre o Chelsea, por 1 a 0, pela Copa dos Campões. A bola não parava, com muitas chances de gol dos dois lados.

As excepcionais partidas do meio de semana reforçam a minha impressão, que é a mesma de muitos, de que os jogos dos principais times europeus são melhores do que os das principais seleções da Europa e América do Sul, nas Copas do Mundo. [Ilustração: Lorenzatto]

Mas há sempre uma quarta-feira de cinzas https://bit.ly/3Ye45TD

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