18 fevereiro 2023

Minha opinião

Ainda bem que não estamos sozinhos

Luciano Siqueira

 

É sábado de Zé Pereira e o carnaval de rua volta com força após dois anos interrompido pela pandemia de covid-19.

O entusiasmo está em toda parte. Inclusive entre os que não caem no frevo, no samba ou maracatu. Apenas olham. 

Logo cedo tomamos a BR 232 com destino à zona rural. Exatamente em sentido oposto aos que se dirigem ao Recife e Olinda e cidades da região metropolitana, onde fervilha a festa. 

Nos trechos urbanos, à margem da estrada, é nítido o envolvimento festivo da população. Mesmo as vilas estão devidamente ornamentadas. 

Já fomos foliões. Agora não somos mais. Temos mil e uma razões para optar pelo descanso nos quatro dias destinados à fuzarca. 

Mas nossas convicções são momentaneamente abaladas ao cruzarmos com a troça que atravessa a estrada. 

Eis que encostamos no restaurante tosco para o café da manhã.

Um alívio: não estamos sozinhos! 

Ali não encontramos pessoas fantasiadas. Famílias também se mostram prontas para curtirem quatro dias em contato com a natureza, longe da folia. 

Com um detalhe: ninguém parece triste por conta da renúncia, todos trazem na fisionomia a mesma satisfação dos que optam pela esbórnia.

"Estamos empates", comento em voz baixa.  

Nada devemos aos que estarão nas ladeiras de Olinda ou nos espaços largos do Recife Antigo, atraídos pelas velhas e novas canções do nosso invencível carnaval. 

Enfim, quem escolhe a folia faz muito bem; e quem vai ao repouso, idem.

Já não estamos mais no tempo em que estar ou não no carnaval se fazia opção tensa de quem, além do prazer, imaginava dever militante prestigiar pessoalmente a explosão coletiva de alegria. 

Evoé! Sejamos todos felizes nesses preciosos quatro dias.

É o frevo, meu bem https://bit.ly/3Ye45TD

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