Ainda bem que não
estamos sozinhos
Luciano Siqueira
É sábado de Zé
Pereira e o carnaval de rua volta com força após dois anos interrompido pela
pandemia de covid-19.
O entusiasmo está em
toda parte. Inclusive entre os que não caem no frevo, no samba ou maracatu. Apenas
olham.
Logo cedo tomamos a
BR 232 com destino à zona rural. Exatamente em sentido oposto aos que se
dirigem ao Recife e Olinda e cidades da região metropolitana, onde fervilha a
festa.
Nos trechos urbanos, à
margem da estrada, é nítido o envolvimento festivo da população. Mesmo as vilas
estão devidamente ornamentadas.
Já fomos foliões. Agora não somos mais. Temos mil e uma razões para optar pelo descanso nos quatro dias destinados à fuzarca.
Mas nossas convicções
são momentaneamente abaladas ao cruzarmos com a troça que atravessa a estrada.
Eis que encostamos no
restaurante tosco para o café da manhã.
Um alívio: não
estamos sozinhos!
Ali não encontramos
pessoas fantasiadas. Famílias também se mostram prontas para curtirem quatro
dias em contato com a natureza, longe da folia.
Com um detalhe:
ninguém parece triste por conta da renúncia, todos trazem na fisionomia a mesma
satisfação dos que optam pela esbórnia.
"Estamos
empates", comento em voz baixa.
Nada devemos aos que
estarão nas ladeiras de Olinda ou nos espaços largos do Recife Antigo, atraídos
pelas velhas e novas canções do nosso invencível carnaval.
Enfim, quem escolhe a
folia faz muito bem; e quem vai ao repouso, idem.
Já não estamos mais
no tempo em que estar ou não no carnaval se fazia opção tensa de quem, além do
prazer, imaginava dever militante prestigiar pessoalmente a explosão coletiva
de alegria.
Evoé! Sejamos todos
felizes nesses preciosos quatro dias.
É o frevo, meu bem https://bit.ly/3Ye45TD
Nenhum comentário:
Postar um comentário