15 fevereiro 2023

Minha opinião

O caos indesejado

Luciano Siqueira

 

Em tese, a República se apoia no equilíbrio entre os chamados três poderes.

Em condições normais de tempo e temperatura, certamente.

Numa sociedade em crise, o equilíbrio fica comprometido, em todos os sentidos. Tomam corpo contradições e conflitos que põem em causa a própria Constituição do país.

No Brasil sempre foi assim. Certamente no resto do mundo, idem.

Instituições não são perfeitas nem pétreas. Estremecem ao sabor dos desajustes na sociedade.

Nos últimos tempos o poder judiciário — o Supremo Tribunal Federal, sobretudo — tem assumido protagonismo incomum. Por demanda da sociedade e mesmo do próprio Legislativo e dos partidos políticos.

Ameaçada a normalidade constitucional, recorre-se ao STF no pressuposto de que a palavra final da corte funciona como impeditiva da desagregação institucional.

De certo modo tem sido assim.

As últimas eleições gerais, cenário de repetidas ameaças golpistas, puderam ter o seu curso normal devido ao empenho direto do Judiciário através do TSE.

Este é um dos traços marcantes da crise institucional brasileira, que se desenrola tendo como fogo de monturo tremendo desajuste social.

Isto ainda sob divisão quase meio a meio da população entre dois extremos enfoguetados pela pregação odiosa da extrema direita e pela resistência dos democratas de todos os matizes.

O campo democrático, respeitadas divergências naturais entre seus componentes, há que se coesionar o quanto possível e se fazer determinante para evitar o caos para o qual nenhuma corrente política nem segmento social reúne, hoje, condições de enfrentar com êxito.

Nesse sentido, o êxito do governo chefiado por Luis Inácio Lula da Silva pode ser decisivo.

Há diferentes caminhos até a essência das coisas https://bit.ly/3Ye45TD

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