Obstáculos a um novo
ciclo
Luciano Siqueira
A vitória de Lula nas
eleições presidenciais significa o início de um novo ciclo de transformações
progressistas na sociedade brasileira?
É o que desejamos.
Mas, por enquanto, melhor falar em possibilidades
ao invés de dizer que um ciclo novo já
está estabelecido.
Preciosismo da minha
parte? Creio que não.
E não me refiro
apenas à estreita margem alcançada na diferença de votos entre Lula e
Bolsonaro, números da nossa vitória.
Refiro-me à
correlação de forças, fator determinante do tamanho das nossas pernas. Ou seja,
para que avance, o governo Lula terá que ampliar sua base de sustentação
política e social.
Isso não se dá de
modo abrupto, automático. É um processo cotidiano, que se expressa em muitas
trincheiras e em torno dos mais variados problemas que se colocam na agenda do
governo agora.
Estamos vendo como
que o retorno da tributação dos combustíveis tem sido utilizado como mote para
reiterada pressão do mercado financeiro no sentido de que não se altere, no
essencial, a política econômica ultra liberal, incompatível com a retomada do
crescimento econômico em bases sociais progressistas.
Agora são divulgados
áudios contendo afirmações do atual comandante do Exército, general Tomás
Paiva, hostis à vitória eleitoral do presidente Lula, logo após a proclamação
dos resultados do pleito.
Nas circunstâncias
atuais, nas quais sobretudo nos quatro anos de governo Bolsonaro, as Forças
Armadas aderiram compactadas (pelo menos momentaneamente) ao ideário da extrema
direita, dificilmente o presidente da República encontraria no Exército, e nas
demais forças, oficiais de alta patente que não trouxessem as marcas do
bolsonarismo recente.
Lula agiu
corretamente ao nomear o general Tomás Paiva.
E o general, assinala
o noticiário, dá explicações aceitáveis sobre o contexto em que pronunciou palavras
de desagrado em relação ao resultado do pleito presidencial.
Na verdade, um novo
ciclo se confirma ou não conforme o novo
supere gradativamente o velho, que resiste
de todas as formas possíveis. Até que o governo se consolide e venha
efetivamente a realizar o programa com o qual Lula se comprometeu na campanha
eleitoral.
O jogo é duro e exige
do presidente e das forças populares e progressistas que o apoiam firmeza de
propósitos e ilimitada habilidade para juntar, do mesmo lado, o mais amplo arco
de correntes políticas e segmentos sociais passíveis de se unirem; neutralizar
os refratários e isolar e enfraquecer os adversários.
Suplantar a cultura do ódio é uma luta de longo curso https://bit.ly/3Us8tf
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