27 março 2023

Minha opinião

Conflitos de classe em toda parte

Luciano Siqueira

 

Numa breve nota biográfica acerca de Karl Marx e sua obra, Lenin escreveu que o marxismo deu "o fio condutor" para que se possa compreender a multiplicidade de fatos que compõem a cena econômica, social e política — o conflito e a luta entre as classes.

A vida tem demonstrado a correção dessa assertiva, ainda que os conflitos de classe sejam parcial ou plenamente ofuscados por uma miríade de concepções e análises distorcidas sobre o que está acontecendo.

Daí a interminável sucessão de opiniões sobre determinado fenômeno bordejando as aparências, sem captar a essência.

No Brasil dos nossos dias, por exemplo, diariamente se busca — nos veículos midiáticos e mesmo em publicações acadêmicas — entender o conflito de ideias e intenções que permeiam o governo Lula desconsiderando-se esse "fio condutor".

Como se a vontade pessoal deste ou daquele líder e as intenções de grupos e gestores sobre questões cruciais da política econômica, por exemplo, não expressassem, conscientemente ou não, interesses de classes e segmentos de classes.

Da mesma forma, as análises em torno do papel das Forças Armadas, agora e ao longo da história republicana, também carecem desse critério científico.

A resultante inevitável são opiniões superficiais e confusas, quando não conscientemente interessadas em ocultar os verdadeiros interesses em jogo.

No caso das Forças Armadas, nenhuma análise resulta consistente se não levar em conta que na verdade são um dos instrumentos coercitivos do Estado vigente.

E o Estado, não há como desconhecer, aqui e em qualquer parte do mundo, assume um caráter de classe específico e bem definido. [Ilustração: Diego Rivera]

Um novo ciclo de transformações progressistas na sociedade brasileira? bit.ly/41AKA9j

Nenhum comentário:

Postar um comentário