A luta política que se trava na base da sociedade
Luciano Siqueira
Nos dias que correm,
quando o governo Lula tenta a ingente e complexa tarefa da reconstrução
nacional, óbvio que o programa de governo, a contribuição de partidos políticos
convergentes e lideranças influentes são indispensáveis.
Mas é preciso
completar esses elementos com o fator consciente na base da sociedade,
onde se trava a peleja cotidiana pela sobrevivência e onde circulam ideias as
mais díspares, espontaneamente ou fruto da interferência de correntes de
pensamento diversas, a partir de agremiações partidárias, de organizações da
luta social, movimentos em torno de bandeiras gerais e mesmo igrejas e
segmentos religiosos.
A extrema direita,
que nos anos recentes ascendeu no Brasil, compreende muito bem isso. E por
mecanismos diversos, com destaque para os meios digitais, trava a chamada
"guerra cultural" cujo conteúdo se dissemina no seio do povo
explorando sentimentos primários do ser humano — a raiva, o ressentimento e o
medo.
Nesse complexo
cenário, o Partido Comunista do Brasil, que no dia 25 o último completou 101
anos de existência e atividade ininterrupta, mercê do seu programa, dos
princípios que o norteiam e da experiência combatente e organizativa que
acumula, tem a dar uma contribuição importantíssima.
Trata-se da
dinamização consciente de suas Organizações de Base, enraizadas junto ao povo,
à classe trabalhadora em especial, ativas na luta cotidiana.
Obviamente
considerando-se o volume de energia necessariamente destinado à chamada
"grande política" — terreno próprio da construção e da manutenção
cotidiana da frente ampla —, líderes partidários (os comunistas em especial)
têm também a tarefa irrecusável do envolvimento direto, nas condições
possíveis, com a rede de núcleos e organizações de base que hoje, mais do que
nunca, precisa se ampliar rapidamente.
No conturbado
período histórico que propiciou, na velha Rússia czarista, o ambiente favorável
a transformações revolucionárias, Vladimir Ilyich Ulianov (Lênin) concebeu um
partido cuja essência estrutural se traduzia num centro único de direção
nacional apoiado em milhares de organizações de base, estas coordenadas por
núcleos de direção intermediários.
Essa fórmula,
ressalvadas as características especificas de cada nação e de cada povo,
permanece válida e indispensável.
E se a todas as
forças do campo popular, integrantes da ampla frente democrática que governa o
país, cabe o dever irrecusável do vínculo ativo com a população, ao PCdoB mais
ainda porquanto seu Programa próprio não se difunde sem esse vínculo.
Como bem assinala o
dirigente comunista Walter Sorrentino, um fator de preservação da própria
identidade partidária.
Enfim, uma
trincheira que não pode permanecer vazia; e que uma vez bem ocupada possibilita
a geração de novas trincheiras semelhantes — um "detalhe", portanto,
de valor estratégico no nível atual da luta no Brasil. [Na foto, reunião de Organização de Base do PCdoB em Patos, Paraíba]
O lugar do PCdoB na
frente ampla https://bit.ly/40vTfZh
Nenhum comentário:
Postar um comentário