14 abril 2023

Enio Lins opina

Juro que o juro alto não garante inflação baixa

Enio Lins www.eniolins.com.br

 

Manchete da mídia especializada em Economia na terça-feira, 11, 101º dia do (terceiro) governo Lula: “Em dia positivo para ativos brasileiros, Ibovespa amplia alta para mais de 4% e supera os 106 mil pontos” [Valor Econômico].

Segundo o jornalista Augusto Decker, “arcabouço fiscal, commodities e IPCA abaixo do esperado impulsionam índice local em dia de forte queda do dólar e dos juros futuros”. No mesmo dia foi registrada a queda do dólar para menos de R$5,00.

São sinais de que os problemas estão resolvidos nessa área? Não, longe disso. Mas confirma o rumo certo das diretrizes econômicas do governo Lula & Alckmin, apesar da má vontade e até das tentativas de boicote por parte do sistema financeiro.

De onde vêm essas tentativas de boicote? Notoriamente, ululantemente, do Banco Central dependente da oligarquia financeira – cascas de banana devem estar sendo colocadas por outros setores também, mas o BC chama toda atenção para si.

Só existe uma forma de convencer às forças investidoras alocarem mais dinheiro na produção: equilibrando a lucratividade entre especulação e desenvolvimento. Mas com os mais altos juros do mundo garantidos à usura, o investimento produtivo não decola.

Levantamento do MoneYou e da Infinity Asset Management, divulgado no começo de fevereiro deste ano, aponta o Brasil como o país com a maior taxa de juro real (descontado a inflação) em todo mundo. A Argentina é a campeã em juro nominal.
Lógico que juro alto pode ajudar a combater a inflação. Não se defende uma queda repentina provocadora da fuga de capitais. O que se quer é uma sinalização firme, segura, de que a agiotagem não seguirá sendo a única forma de ganhar dinheiro no Brasil.

A relação entre juro alto e baixa inflação não é mecânica, basta ver os exemplos atuais, disponíveis na internet. Enquanto no Brasil 13,75% de juro real corresponde a uma inflação de 4,65%, na Argentina 78% de juro nominal não reduz a inflação do patamar de 102%.

Nessa toada, os Estados Unidos usam 5% de juro e tem uma inflação de 6%; China com juro de 3,65% e inflação a 0,7%, enquanto o Japão tem juro negativo de -0,1% e inflação a 3,3%. Números do site https://pt.tradingeconomics.com/country-list/interest-rate

Para ser duro com a inflação não vale a conversa mole do juro alto como panaceia, é-se necessária a combinação de vários fatores – e o (elogiadíssimo) arcabouço fiscal apresentado por Haddad é um elemento novo para uma nova política econômica. Falta o BC colaborar.

A luta política na base da sociedade https://bit.ly/3FZNuve

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