Curso de pistolagem mirim cancelado em Goiás
Enio Lins www.eniolins.com.br
Alardeado e depois cancelado (por ação do MP),
um curso de tiro para crianças, oferecido em Goiás, expõe o irresponsável afã
armamentista que varre o Brasil desde que um presidente achou justo jair
incentivando a belicosidade irrestrita.
Não é a questão central ensinar jovens a usar
armas, especialmente sendo do tipo air soft, mas o importante a ser observado,
e combatido, é o clima da moda: a idolatria à arma e ao suposto direito do
“homem de bem” mandar bala em quem achar “do mal”.
Num momento em que sociopatas que se consideram
“homens de bem” resolvem matar crianças (por considerá-las “do mal”) em
escolas, copiando uma sociopatia desgraçadamente comum nos Estados Unidos, esse
curso se apresentou como psicopatia pura.
A ampla divulgação feita em torno do “curso de
tiro para crianças” causou mais mal pela difusão da ideia que o famigerado
evento em si, posto – em momentos de sociopatias – o clima provocado ser
essencial para o cometimento de novos crimes.
Desde 2018, ainda na campanha eleitoral, a
vinculação de armas com menores apareceu com força graças a repetidos gestos de
então candidato marginal de forçar crianças de colo a fazer “arminhas” com os
dedinhos. Uma tara explícita.
Esse vírus armamentista virou um patógeno que
contaminou rapidamente boa parte do país, resultando numa multiplicação dos
tais “Clubes de Tiro”, alcançando uma velocidade média de um novo clube por
dia, incessantemente, durante quatro anos.
Foram 1.483 novos clubes de tiro abertos nos 1.460
dias de desgoverno miliciano, segundo registros do Exército brasileiro. Uma
febre avassaladora que só um psicopata poderia entender como “grande realização
de governo”. E ele entendeu assim, vibrou.
Nos quatro anos de poder bolsonarista, 695.721
pessoas foram autorizadas a ter amas, o que quer dizer que, entre 2019 e 2022,
foram aprovados 872 novos cadastros por dia(!). É um país se preparando para
uma carnificina, sim – mas deixem as crianças de fora.
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