A matéria carece de uma análise mais concreta sobre as razões do avanço chinês na exportação de automóveis. mas vale como um dado de realidade que se insere na ascensão constante da China na cena mundial (LS).
China supera Japão e lidera exportação de automóveis no mundo
País
vendeu 1,1 milhão de unidades ao exterior e ultrapassou o Japão no primeiro
trimestre de 2023
Nelson de Sá/Folha de
S. Paulo
A China, que já havia deixado a Alemanha para
trás em 2022, acaba de passar o Japão para se tornar o maior país exportador
de automóveis, segundo dados do primeiro trimestre de 2023.
De
acordo com a Associação dos Fabricantes de Automóveis da China, citando dados
da Administração Geral das Alfândegas, de janeiro a março foram vendidas ao
exterior 1,1 milhão de unidades, salto de 58% em relação ao período no ano
anterior. Segundo a associação equivalente no Japão, o país exportou 950 mil
automóveis, também com aumento, mas de 6%.
Para
analistas chineses ouvidos pelo site Yicai, de Xangai, a intensificação da
concorrência interna, com o avanço dos carros elétricos e a guerra de preços
iniciada pela Tesla,
fez as montadoras se voltarem ao exterior, para manter receitas.
Em
meio à disputa agressiva pelo mercado chinês, o CEO da Tesla,
Elon Musk, chegou a pedir encontro com o novo primeiro-ministro, Li Qiang, sem
sucesso. Li, que era o líder do PC de Xangai, foi quem levou a montadora
americana para a China.
Outra
explicação para a disparada das exportações é que os NEVs (veículos de energia
nova), categoria chinesa que reúne carros elétricos e híbridos, teriam sido
menos atingidos pela escassez de
semicondutores e de baterias que afetou Europa e Japão nos
últimos anos —além de mais favorecidos por incentivos fiscais.
Os NEVs respondem agora por 40% das vendas ao exterior. As
maiores exportadoras são a própria Tesla, a SAIC Motor, também sediada em
Xangai e com marcas próprias como Maxus e MG, além de joint ventures com Volkswagen
e Chevrolet, e a BYD, sediada em Xian. Quando são contados também os carros a
combustão, SAIC e BYD lideram.
Em destaque entre os novos mercados sendo abertos para os
veículos chineses de todas as categorias estão os emergentes, a começar da Rússia,
abandonada pelas fábricas alemãs e japonesas em meio às sanções ocidentais. Na América Latina, o México lidera as compras. No Oriente Médio, a
Arábia Saudita.
A
Tailândia, no Sudeste Asiático ainda controlado por Toyota e outras marcas
japonesas de carros a combustão, já é o terceiro maior importador de NEVs
chineses —atrás da Bélgica e da Austrália.
O
avanço chinês prossegue neste início do segundo trimestre, e a expectativa da
associação é fechar 2023 com aumento de 30% ano a ano nas vendas externas,
alcançando 4 milhões de unidades e se mantendo à frente do Japão.
No
ano passado, quando superou a Alemanha, foram 3,2 milhões, salto de 57% em
relação a 2021. As exportações alemãs ficaram então em 2,6 milhões de unidades.
Do
total de vendas chinesas de automóveis em 2022, as exportações responderam por
12%. No primeiro trimestre, subiram para 18% e tornaram mais próximo, segundo
Shi Jianhua, diretor da associação, "o objetivo da China de se tornar uma
potência em automóveis".
Hoje
dono da consultoria Greenmantle, o historiador Niall Ferguson diz ver "a
enorme onda de carros elétricos vindo da China entre as tendências mais
importantes da economia mundial", algo que "logo se tornará motivo de
atrito, à medida que os líderes ocidentais acordarem para a ameaça".
Os
dados e as avaliações saíram durante a Feira Internacional de Investimento e
Comércio da China Ocidental, em Chongqing.
POLÍTICA INDUSTRIAL
Na
virada do ano, Pequim suspendeu a redução de 50% que havia nos impostos para a
compra de veículos a combustão —e estendeu até o fim deste ano as isenções nos
tributos para a compra de NEVs, já estudando mantê-las para além daí.
Também
vêm crescendo outros estímulos de governos locais, a começar de Xangai, para a
aquisição de carros elétricos ou híbridos com descontos e até cupons.
Foi
a política industrial chinesa para automóveis que disparou a resposta americana
em agosto do ano passado, com um pacote de US$ 369 bilhões (R$ 1,8 trilhão) que
deve afetar ainda mais as exportações das montadoras alemãs e japonesas.
Entre
outras medidas, o programa do governo Joe Biden, aprovado pela Câmara de maioria
republicana, oferece um crédito de US$ 7.500 (R$ 37,4 mil) para compra de carro
elétrico, mas ele tem que ser fabricado na América do Norte.
As
vendas das montadoras japonesas no mercado chinês, no primeiro trimestre, já
caíram 32%. Elas são questionadas, em particular, por não terem se voltado mais
para carros elétricos, privilegiando ainda os veículos a combustão ou
investindo em híbridos e nos projetos para hidrogênio de fontes renováveis.
Híbridos
e hidrogênio "verde" foram os principais temas do encontro de CEOs
dos maiores grupos japoneses, inclusive a Toyota, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no último domingo, na
cúpula do G7, em Hiroshima.
A
exemplo do que havia ocorrido um mês antes, no encontro de Lula com o CEO da
BYD em Xangai, as negociações foram descritas como positivas, mas sem bater
martelo sobre investimento para a produção de automóveis no Brasil.
China
consolida alianças na Ásia Central https://tinyurl.com/mryrv93v
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