Com sua ginga, o craque maior precisa entrar no jogo
Enio Lins www.eniolins.com.br
Há
algumas semanas, colunas e colunistas têm insistido na necessidade de uma maior
atenção de Lula ao Congresso. Observação pertinente: o presidente, líder
inconteste de massas, precisa se chegar à batalha parlamentar. Ou o caos será
irreversível.
Desde 3 de outubro está definido o perfil do parlamento federal (e dos
estaduais). Afinal, não existe segundo turno para o Legislativo. A
centro-direita e a direita ganharam a maioria das cadeiras e até várias
estrelas da extrema-estupidez foram agraciadas.
Esquerda e centro-esquerda são minoria no Congresso. Ponto. Isso é público e
notório desde que as urnas eletrônicas, eficientíssimas, expuseram seus números
– há oito meses. É ruim para o governo, mas não precisa ser tragédia, pois para
tudo tem jeito.
Política existe exatamente para dar jeito, para criar soluções onde a
aritmética básica encalacra com algo como a impossível raiz de índice par para
número negativo. A política inventa o número complexo e a raiz quadrada de -4
passa a ser 2i. Oquei?
Não existe problema intransponível para arranjos produtivos entre um governo de
centro-esquerda e parlamentares de direita e centro-direita. Lula fez essa
engenharia de forma brilhante nos dois mandatos anteriores. Não pode ter
esquecido o modus operandi.
Existem novos vícios, sim. Foram sintetizadas entre 2016 e 2022 substâncias
turbinadas, mas das mesmas drogas. Uma Cracolândia política foi estabelecida e
não será dissolvida no cacete nem no grito – paz, amor e carinho são
indispensáveis.
Lula precisa ser essa mensagem de paz, amor, carinho e doses detoxes. Dentro da
lei e da ordem, mas com compartilhamento de espaços e de recursos, pois quem se
viciou no Orçamento Secreto não se desintoxica “de grátis” nem a pau.
Sem firulas: causas como as ambientais, indígenas, igualdade de gênero,
direitos humanos... só serão aprovadas por esse Congresso com votos da direita
e da centro-direita. Sem isso, nada feito. Todo mundo sabe disso desde 3 de
outubro do ano passado.
Para conseguir esses votos é necessária Política com P maiúsculo. Nem mesmo
verbas (polpudas) alcançarão sozinhas esse objetivo. Lula da Silva, o
Presidente Lula, precisa entrar em campo, correr, suar no gramado do Congresso –
ou o Brasil perderá esse jogo.
Jandira Feghali explica a luta na CPI dos atos golpistas de 8
de janeiro https://bit.ly/3C9kdMn
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