Quando a violência e a covardia passam a ser dogma de fé
Enio Lins www.eniolins.com.br
Crimes em nome da religião, incitação ao ódio por sacerdotes é coisa que não falta na história desde muito antes do termo “sacerdote” aparecer nos vernáculos. A Santa Inquisição é o exemplo mais notório desse crime, mas não foi o primeiro nem o único.
Ao pedir ao seu deus particular que Ele “quebrasse a mandíbula do Lula”, um autodefinido pastor teve seus minutos de fama. Mas não é a primeira pessoa, expoente de alguma religião, que resolve expor sua deidade à tamanha indignidade.
Deuses existem para todos os gostos. Há quem projete um ser divino da paz e do amor, há quem adote um deus da guerra e do ódio; existe quem se submeta ao criador, e existe quem crie um deus pistoleiro submetido a seu próprio serviço.
Nos últimos tempos, no Brasil, tem crescido um comboio de falsos profetas de divindades bandidas. Um pastoreio politiqueiro, fascistóide, golpista, violento, se projeta em deuses às suas imagens e semelhanças. São arautos e arautas do falso messias.
Mas tem o lado bom e do bem: Nunca deve ser esquecido o exemplo corajoso e generoso, em tríplice comunhão, do rabino Henry Sobel (1944/2019), do cardeal Paulo Evaristo Arns (1921/2016) e do pastor Jaime Wright (1927/1999).
Em 31 de outubro de 1975, sob e contra as trevas da ditadura militar, o rabino, o cardeal e o pastor ministraram um culto ecumênico em memória de Vladmir Herzog – judeu, jornalista, esquerdista – torturado e assassinado covardemente no DOI-CODI paulista.
Não pediram que Deus quebrasse a mandíbula de ninguém, que o céu castigasse alguém. O rabino, o cardeal e o pastor oraram por liberdade, por paz, por democracia, por respeito aos direitos humanos. E denunciaram a tortura e o assassinato.
48 anos depois, teístas, ditos sacerdotes, vêm à público pregar o ódio, disseminar mentiras, defender o crime institucionalizado, apoiar golpistas, abençoar genocida. É falar ao contrário, inverter o escrito nos velhos livros sagrados.
Descaramento, covardia, misoginia, homofobia, racismo, golpismo, mentira passaram a ser atitudes “pias” de quem defende um falso messias descarado, covarde, misógino, homofóbico, racista, golpista, mentiroso. Vade-retro, satanases!
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Parabéns Luciano Siqueira por publicar este lúcido e oportuno artigo de Enio Lins !
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