Inteligência artificial dentro do ensino
Rodrigo Zeidan/Folha de S. Paulo
"Basta dizer que os alunos não podem usar IA", sugeriram alguns. Antes das primeiras datas para entrega de trabalho, a escola soltou uma nota para os alunos dizendo que o uso de IA estaria terminantemente proibido. Mas isso não durou muito. "Se você fosse aluno, você não teria curiosidade para ver como IA iria lhe ajudar, mesmo que sua intenção não fosse burlar as regras?"
Colegas começaram a vociferar que IA tornaria seu trabalho impossível, enquanto outros chegaram a quase entrar em depressão. Mas rapidamente a universidade traçou uma estratégia para manter os padrões de ensino enquanto ajudaria os professores a não só incorporar inteligência artificial aos seus currículos mas também ajudar os alunos a navegar pelas novas técnicas que estão se espalhando pelo mercado de trabalho.
De certa forma, a rápida preparação para a incorporação de inteligência artificial no ensino pôde ser feita rapidamente pelo impacto da Covid; em três semanas depois do lockdown de Wuhan, em janeiro de 2020, a NYU Shanghai já tinha montado a estrutura necessária para que os professores pudessem ministrar seus cursos de forma síncrona ou assíncrona, de acordo com suas preferências.
Em relação aos métodos, a escola montou uma força-tarefa para juntar os melhores pesquisadores de pedagogia e ciência de computação para criar cursos para os professores sobre como incorporar IA nos seus cursos (dependendo das suas necessidades).
Em termos de avaliação, muitos professores passaram a fazer provas orais ou modificaram seus ensaios para essa nova realidade. O interessante é que, historicamente, provas orais eram o padrão em universidades medievais; em algumas universidades, como as italianas, elas ainda são comuns.
Obviamente, há várias barreiras para que esse tipo de prova funcione no mundo moderno, já que pesquisas mostram que há várias distorções que devem ser ajustadas para que essas provas sejam justas. Por exemplo, alunos homens mais assertivos tendem a ter notas mais altas por falar com confiança, mesmo que o conteúdo não seja tão bom.
Professores também têm que tomar cuidado para não punir alunos introvertidos. Com o tempo, o corpo discente e docente acaba se acostumando com o processo.
Ainda assim, resta a pergunta: vamos esperar IA mudar nosso mundo ou vamos tomar as rédeas do processo?
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