18 julho 2023

Enio Lins opina

Resultados do persistente e impune discurso de ódio

Enio Lins*



Vejam que coisa: o Brasil está exportando atitudes fascistas para o país pai do fascismo, como pode ser constatado na agressão – verbal e física – sofrida por Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal, e sua família, no aeroporto de Roma.

Repetindo o aqui já escrito, o bolsonarismo incorpora as características mais vulgares, bagunceiras e agressivas da famigerada “Tropa de Assalto”, a SA, milícia que garantiu o assalto de Hitler ao poder (em seguida, eliminadas pelo próprio).

Baderna, vagabundagem, certeza de estar acima da lei são características comuns entre as hordas lideradas por Ernst Röhm (1887/1934) e Jair Messias. A diferença é que o mito brasileiro é pessoalmente um covarde e esse traço é repassado a seus áulicos.

Covardemente, um dos agressores bolsonaristas, “empresário” do interior paulista, tentou negar o presenciado por dezenas de testemunhas, e, em depoimento prestado à Polícia Federal, candidamente, declarou que “não foi nada de tão extraordinário”.

Pois é. Para essa súcia atacar um Ministro do STF, agredir verbalmente sua família e dar um tapa num de seus filhos não é “nada de tão extraordinário”, e consideram isso um “direito à liberdade de expressão” – exclusivo para a corja bolsonarista, lógico.

Simplificações criminosas do tipo “bandido bom é bandido morto” se estendem covardemente para quem quer que seja adversário, ou mesmo quem pense diferente da própria caterva bolsonariana – estimulada pelo discurso do mito “treinado para matar”.

Mortes já aconteceram, não nos esqueçamos. Esse foi o mote dos assassinatos de Mestre Moa do Katendê (Salvador/BA, 8/10/2018) e de Marcelo Arruda (Foz do Iguaçu/PR, 9/7/2022): os homicidas, bolsonaristas declarados, mataram pelo “mito”.

Ao longo de toda carreira, Jair Messias centrou seu discurso de ódio no “direito de matar”. Defendeu o fuzilamento até para Fernando Henrique Cardoso, sem falar na repetição de pérolas como “o erro da ditatura foi não ter matado mais”. Era o “sincerão”.

Em 7 de setembro de 2022, falando para uma multidão de cupinchas apinhados em Brasília, o dito mito foi “sincerão” em relação ao então presidente do STF, insultando-o, e insuflando sua gentalha contra aquela autoridade. E nunca desdisse essa ordem unida.

*Jornalista, cartunista e ilustrador, arquiteto

Denúncia de violência contra a mulher pode ser feita pelo 180 no WhatsApp https://tinyurl.com/26lf3wef

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