27 julho 2023

Enio Lins opina

Hora de um freio na agiotagem do Bando Central

Enio Lins*



“A alta taxa de juros está sufocando e pode matar o Brasil por inanição”: frase precisa, correta, e que não veio de nenhuma voz petista, ou esquerdista. Foi dita, como muita propriedade por Simone Tebet, ministra ligada ao agronegócio.

Ministra do Planejamento e Orçamento, Simone meteu o dedo na ferida que o Bando Central não deixa sarar: a imoral taxa de juros, o maior juro real praticado no mundo. Como gestora pública que não perdeu a visão empresarial, ela grita duplamente.

Em entrevista à CBN, a ministra avaliou que “o índice atual de 13,75% inviabiliza o crescimento do Brasil” e que “cabe à política brasileira questionar o BC sobre o porquê de os juros não caírem no país, já que, segundo ela, todos os fatores externos contribuem para isso”.

“Não é a máquina pública que para. O Brasil para, a indústria para, o comércio não consegue vender e contratar. Diante desse quadro, não consigo ver outra alternativa do Copom que não seja abaixar os juros”, reforçou a ministra.

Avaliação exata, denúncia necessária. Como herança podre do desgoverno passado, a política de agiotagem selvagem do Bando Central contamina o Brasil, mina as possibilidades de crescimento, trava a produção em todos os segmentos.

Não existe independência do Bando Central em relação à máquina rentista e o segmento usurário é o grande usuário dessa política do BC. Ou o único. Qual o sentido do Brasil praticar a mais alta taxa de juro real no mundo?

Desvio ululante de concepção, a “independência” do BC tornou-se expressão do apoderamento da principal ferramenta para a política financeira do País pelo setor da agiotagem mais escancarada e menos comprometida.

Fazendo ginásticas de todo o tipo o governo Lula & Alckmin tem conseguido realizar prodígios para driblar os efeitos deletérios da alta taxa de juro. Tem tido sucesso nesses primeiros sete meses, mas até quando mais vai conseguir segurar essa barra?

Necessário se faz uma maior ação política em defesa da economia brasileira e o Poder Legislativo, constitucionalmente, está chamado a avaliar os procedimentos do BC e a tomar as atitudes que a legislação estabelece para casos como esse.

*Arquiteto, jornalista, cartunista e ilustrador

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