DEUSA DA GUERRA
Chico de Assis*
Vim para o plantio do caos.
Por onde passe
não restará
pedra sobre pedra.
Conduzo o gozo efêmero
das vitórias
e o aprendizado duradouro
das derrotas.
Semeio a dúvida
no espírito dos conformados
e a certeza
na angústia dos revoltados.
Não conheço o repouso.
Se de alguma parte me retiro
ando à procura de fôlego
para novos combates.
Eu estou no nascimento
e na morte
no amor e no ódio
no prazer e na dor.
Eu artículo
faço desfaço refaço.
Sou a paciência das abelhas
e a rapidez das serpentes.
Fiz-me bela
para que poder tivesse
e altiva
para que o poder durasse.
Minha maior inimiga — a paz
é hoje minha cativa.
Eu sou a deusa da guerra
o tormento das consciências.
[Ilustração: Pablo Picasso]
*Advogado, poeta
O mundo gira. Saiba mais https://bit.ly/3Ye45TD
Belo poema, do poeta Chico de Assis. Parabéns. José Mário Austregesilo.
ResponderExcluirPoeta de palavras leves de leitura sempre viva. Abraços Chico
ResponderExcluirBelíssimo poema.
ResponderExcluirQue belo poema! Inquietude. Instigante. A podia de Chico é profunda, tórrida. De compassos e descompasso. De um eu lírico atormentado pela incompreensão do compreensível. " O poeta TD pode.'
ResponderExcluirMeu poeta de palavras com dor e cor. Palavras vivas
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