08 outubro 2023

Futebol: a anarquia organizada como opção tática

Diniz segue o caminho de grandes treinadores: anarquia organizada
Técnico em evolução junta a inventividade com a eficiência, a ousadia com o pragmatismo
Tostão/Folha de S. Paulo

Fluminense e Boca Juniors farão a final da Libertadores no Maracanã e em uma única partida, local já previsto antes de começar a competição, como ocorre na Europa. Nelson Rodrigues diria que, na escolha do Maracanã, o "Sobrenatural de Almeida" já sabia que o Fluminense seria um dos finalistas.

Internacional, como já havia acontecido na primeira partida contra o Fluminense e também na derrota para o Atlético-MG, pelo Brasileirão, teve grandes chances de vencer e não aproveitou. O programa Seleção SporTV mostrou 11 oportunidades claras de gols perdidas pelo Inter nos dois jogos contra o Fluminense. Valencia é um centroavante extremamente rápido, forte e hábil, mas que não possui a precisão nas finalizações de um Cano.

O Colorado foi eliminado porque correu demais no primeiro tempo e cansou no segundo, característica das equipes dirigidas por Coudet, porque não teve equilíbrio emocional para decidir em casa pressionado pela torcida, pelos erros individuais e coletivos, pela qualidade do adversário e pelas incertezas do futebol.

Uma partida de futebol é jogada e vencida em dois tempos. As mudanças táticas e técnicas dos treinadores no segundo tempo podem ser importantes nas vitorias e nas derrotas, porém uma das razões das transformações que ocorrem no segundo tempo entre dois times de níveis técnicos parecidos é a historia do primeiro tempo.

Fernando Diniz foi muito bem nas condutas técnicas, táticas e nas alterações, especialmente a entrada de Kennedy, cada dia melhor. Diniz uniu a estratégia de ter alguns jogadores sem posições fixas com as escalações. Marcelo foi lateral e meio-campista. Arias se movimentou pela direita, esquerda e pelo meio. A equipe foi ofensiva com a entrada de Kennedy sem perder a força no meio campo.

A analise não pode ser tão simplista, como a de que uma equipe é ofensiva por ter dois atacantes ou defensiva porque possui três a quatro jogadores no meio campo.

Diniz, um técnico em evolução, segue o caminho de grandes treinadores, como Guardiola, por juntar a inventividade com a eficiência, a ousadia com o pragmatismo. É a anarquia organizada. Não basta ter talento. Para ser um craque, em qualquer profissão, é necessário unir a gana e a obsessão pela vitória com a lucidez para observar os detalhes objetivos e subjetivos.

O Palmeiras, em casa, confiou demais na força da torcida e no grande numero de cruzamentos para a área. Empatou por 1 a 1 e foi eliminado nos pênaltis para o Boca. Faltou ao Palmeiras mais talento individual e mais repertorio de jogadas de ataque. As escalações de jovens, antes e durante as partidas, como Endrick, são ainda confusas e indefinidas. Endrick, para desenvolver o seu talento, ainda não encontrou o melhor lugar para ele e o time.

Pela Copa Sul-americana, Fortaleza e LDU, do Equador, farão a final em Maldonado, no Uruguai. É a primeira vez que o Fortaleza disputa uma decisão internacional, resultado do ótimo trabalho do clube e do técnico argentino Vojvoda, que foi iniciado por Rogério Ceni. As funções mais importantes de um treinador são o comando de um grupo e a formação individual e coletiva das equipes. No Brasil é o contrario. Valorizam demais as vitórias e derrotas isoladas e não permitem que um técnico, nas derrotas, continue seu trabalho por mais tempo.

O sábado (7) é marcado por um Corinthians e Flamengo. O time paulista, que teve inúmeros treinadores no último ano, é um retrato da desorganização, da união entre a irresponsabilidade e a ignorância. Há tempos, o time corre sem saber como, onde e por qual razão.

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