11 novembro 2023

Ansiedade no futebol

Descontrole mental é um dos motivos da queda do Botafogo no Brasileiro
Ocorre com o time alvinegro uma ampla mistura de situações surpreendentes
Tostão/Folha de S. Paulo

 

Além da saída do técnico Luís Castro, dos problemas individuais, coletivos, físicos e desconhecidos, um motivo importante da queda do Botafogo no segundo turno são os fatores emocionais, a perda da confiança, o descontrole mental para enfrentar o medo de não ser campeão após conseguir uma ampla vantagem.

No futebol, por causa das incertezas e de tantos fatores envolvidos no desempenho e no resultado das equipes, as ocorrências emocionais, na origem e na consequência dos fatos, são bastante frequentes em uma partida. "Não sois máquinas, homens é que sois." (Charles Chaplin)

Não se podem colocar regras para as reações humanas, ainda mais dos atletas e dos times. O Santos perdeu de 7 a 1 do Inter, não se abateu e está próximo de não ser rebaixado. O que ocorre com o Botafogo é uma ampla mistura de razões e situações surpreendentes. O acaso não torce por nenhuma equipe. Acontece.

O Bragantino, diante da chance de ser líder, fez uma péssima partida na derrota para o São Paulo. A pressão emocional para vencer deve ter também entrado em campo. Por falhas técnicas e pelo pânico de voltar à segunda divisão, o Cruzeiro faz pouquíssimos gols. Neste sábado (11), enfrentará o Coritiba.

A ansiedade, presente em todos os seres humanos, é uma reação emocional, um mal-estar não definido diante de um perigo real, imaginário ou inconsciente. Muitas vezes, o mal-estar é transferido para o corpo ocasionando sintomas psicossomáticos. O corpo fala.

A ansiedade até certos limites faz bem aos atletas. Existe um aumento de hormônio e de outras substâncias químicas que melhoram a concentração e aumentam a capacidade física e a força muscular. Se a tensão é exagerada e incontrolável, o corpo não obedece ao controle do cérebro, o que pode levar a erros bisonhos e até a apatia e a paralisação, o que costuma ser confundido com desinteresse. Cansaço físico e mental andam juntos.

Um dos perigos da excessiva ansiedade é a violência que, muitas vezes, decide as partidas. Os atletas perdem o controle entre a agressividade natural e a violência. A correta expulsão do jogador do Boca Juniors quando o time tinha um jogador a mais para disputar a prorrogação contribuiu para a conquista da Libertadores pelo Fluminense.

A maioria dos atletas aprende a utilizar a ansiedade para melhorar o desempenho. Quando eu estava ansioso, dormia menos e atuava de maneira melhor. O jogador de futebol sabe que há uma tensão exagerada nos primeiros minutos de uma disputa decisiva e que ela geralmente passa. Por outro lado, se um velocista estiver tenso, ele perderá a corrida na largada, pois não haverá tempo de recuperação.

A depressão, uma doença frequente, era ocultada pelos atletas como se fosse um fracasso mental. Isso tem diminuído. Atletas de alto rendimento têm manifestado e tratado seus problemas, preocupados com a saúde mental, não apenas com as conquistas.

Os atletas costumam criar rotinas, hábitos, antes das partidas, por superstição, por achar que a repetição leva à vitória e para aliviar a tensão antes das competições. Pelé, ao chegar ao vestiário, deitava-se, esticava as pernas e fechava os olhos. Ninguém podia importuná-lo. Será que ele meditava ou dormia e sonhava com os gols maravilhosos que faria?

Dizem que a sala onde os nadadores e nadadoras ficam concentrados, silenciosos, à espera do início de disputa de uma medalha de ouro nas Olimpíadas, é chamada de sala da morte. Quem perde morre. Esporte é vida, prazer.

O outro lado do que acontece https://bit.ly/3Ye45TD

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