Homenagens enviezadas
Luciano Siqueira
Prefiro as sensações e experiências humanas: rua da Saudade, da Amizade, do Sossego.
Ou dos fenômenos naturais: rua do Sol, da Aurora.
Ou de acidentes geográficos ou plantas: Rua da Pedra, das Acácias...
Nomear ruas, avenidas e praças com homenagens a barões e generais, presidentes e governadores ou simplesmente professores, médicos ou mesmo militares menos graduados (no Coque, rua Cabo Eutrópio) nem sempre é homenagem justa, conforme o ponto de vista de cada um.
Figuras proeminentes da nefasta ditadura militar dão nome a avenidas, praças estádios de futebol e quetais. A meu juízo, um absurdo.
E há estudos que demonstram não passarem de 20% as homenagens a mulheres. Desigualdade de gênero explícita!
E se a intenção é cultuar a memória do homenageado e torná-lo conhecido pelas novas gerações, logradouros que trazem o título honorífico sabe-se bem como obtidos, como a pequenina Rua Barão de Contendas ou a vistosa Avenida Conde da Boa Vista, há um quê de injustiça, não?
Ou de impropriedade.
Só os curiosos serão capazes de descobrir que o Barão de Contendas é Antônio Epaminondas de Barros Correia, presidente da província de Pernambuco entre 1891 e 1892.
Já Francisco Rêgo Barros, também governador de Pernambuco, foi Barão e Visconde até receber o título de Conde da Boa Vista, em agosto de 1860.
Conheço descendentes do ilustre Conde. Qualquer dia perguntarei a um deles se preferiam ou não que avenida se chamasse Francisco Rêgo Barros ao invés da homenagem enviezada através do título nobiliárquico.
Nas águas do tempo https://bit.ly/3Ye45TD
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