14 dezembro 2023

Enio Lins opina

Segue a novela “Crime Ambiental em Maceió”

Enio Lins*



Informou a Braskem, ontem, que “instalou nesta segunda-feira, um novo sensor para medição de movimentação do solo na área da mina 18, em Maceió (AL), que está sob risco iminente de colapso”. Ôxe, no domingo (10/12/2023) ela não tinha colapsado?

Nessa toada, a empresa confirma o prognosticado por esta coluna, ontem: não está encerrado sequer o capítulo da mina 18, na novela Crime Ambiental em Maceió. O perigo segue em cartaz, inclusive, no ponto supostamente colapsado anteontem. É isso mesmo?

TIC TAC voltou à internet para checar. Sim, a reportagem está datada de 12/12/2023, postada na versão digital d’O Globo, às 2:01 da madrugada e atualizada duas horas depois. Foi ontem mesmo! E o sensor, anterior, obviamente engolido.

Outro sensor havia sido noticiado como desaparecido no oco da Mina 18 no final de novembro, quando os alertas sobre o iminente colapso foram divulgados. Nos últimos três meses, então, esse seria o terceiro equipamento enfiado na famosa caverna.

Diz O Globo: “segundo a companhia, os dados dos demais DGPS instalados nas outras 34 minas continuam sendo coletados e não há registro de movimentações atípicas. ‘Todas as informações são compartilhadas com as autoridades, em tempo real’, acrescentou a Braskem”. Menos péssimo, mas a catástrofe continua batendo à porta de Maceió.

Primeira questão a ser considerada nesta tragédia lenta, gradual e insegura é que não pode existir a possibilidade da empresa responsável pelo crime ambiental ser anistiada, ser livrada de sua responsabilidade, mediante o pagamento de quaisquer valores.

Nenhum valor pecuniário é justo para livrar a Braskem das responsabilidades presentes e futuras em relação aos crimes cometidos no passado e em suposto cometimento no presente. É um crime hediondo considerar tal anistia mediante o pagamento de R$ 1,7 bilhão ou 30 bilhões ou quaisquer outros desembolsos por parte da empresa.

Para a Braskem precisa ser perene a responsabilização e contínuos os desembolsos frente às necessidades de cada caso, de cada projeto, de cada paliativo. Qualquer dinheiro circulando à toa tende a ser engolido pelas dolinas no poder público, sugado junto com sensores contábeis. A consigna é: Sem anistia e sem pagamentos “por conta”.

*Arquiteto, jornalista, cartusnista e ilustrador

O outro lado do que acontece https://bit.ly/3Ye45TD

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