09 fevereiro 2024

O peso específico do Nordeste

Nordeste passou a ser importante para a indústria, diz Luciana Santos

Para a ministra do MCTI, valorização da região “contribui para a diminuição das desigualdades sociais”
André Cintra/Vermelho


 

Um campus do ITA (Instituto Tecnológico Aeronáutica) em Fortaleza (CE) e um Parque Tecnológico Aeroespacial na Base Aérea de Salvador (BA). Com esses dois projetos, anunciados em janeiro, o governo Lula pôs o Nordeste no mapa da neoindustrialização. A notícia foi especialmente comemorada por uma ministra nordestina, a pernambucana Luciana Santos, que está à frente da pasta de Ciência, Tecnologia e Inovação.

“Lançar a pedra fundamental do campus do ITA em Fortaleza é mais um sinal de que o Nordeste voltou a ter vez. A iniciativa é voltada à formação para gerar empregos de qualidade e ampliar a renda”, diz Luciana em entrevista à rede alemã DW.

“O parque tecnológico pretende promover o desenvolvimento nacional da indústria aeroespacial e o fomento do ensino, à realização de pesquisas avançadas e à promoção da inovação no campo aeroespacial. É importante ressaltar que o cluster aeroespacial no Brasil se concentra em sua maior parte na região Sudeste”, agrega a ministra, que também é presidenta nacional do PCdoB.

Na visão de Luciana, as duas obras terão impacto não apenas para o Nordeste – mas também para o Brasil. “Com essas iniciativas, o Nordeste passa a ser uma região importante, que fornecerá mão de obra qualificada e desenvolvimento tecnológico para a indústria nacional, o que contribui para a diminuição das desigualdades sociais”.

Na entrevista, a ministra afirma que a reindustrialização é uma das prioridades do MCTI. “Nós precisamos recuperar a industrialização brasileira – e ciência, tecnologia e inovação têm um papel estratégico nesse processo.” Um dos trunfos do ministério é a ampliação do orçamento do FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), que saltou de R$ 10 bilhões para R$ 12 bilhões.

“A questão orçamentária sempre vai ser um desafio para a pasta”, avalia Luciana. “Mas, com o foco correto – na valorização da ciência, das universidades, dos pesquisadores, no desenvolvimento do potencial brasileiro e no combate às desigualdades –, temos condições de fazer a ciência brasileira avançar à posição que ela merece.”

A ministra também reconhece o desafio de evitar a fuga de cérebros brasileiros para países como Estados Unidos, China e Alemanha. “O ministério e o CNPq vão lançar o Conhecimento Brasil, que vai oferecer bolsas e subvenções para atrair e fixar pesquisadores que realizaram sua pós-graduação no exterior e não retornaram ao País.” 

Além de combater as desigualdades internas, Luciana quer enfrentar as desigualdades mundiais na área científica. Conforme a ministra, o MCTI vai aproveitar a condição de atual coordenador do Grupo de Trabalho (GT) de Pesquisa e Inovação do G20, que reúne 20 das maiores economias do mundo. “Queremos ressaltar a necessidade de reduzir assimetrias globais no acesso e na produção da ciência, tecnologia e inovação, garantindo um futuro próspero, sustentável e inclusivo”, conclui Luciana.

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