A MARCA!
Chico de Assis*
Nada revela à superfície
a marca que revolteia
em tuas entranhas.
Contudo
ela te conduz
em passos incertos
e vôos tateantes.
Vai!
Aguça tua retina
sobre a imagem
do teu clone.
Embora transpareça
em sinais psoriáticos
espalhados no teu corpo;
embora configure
a grandeza de gestos
ancestrais
em cacoetes transformados;
ademais do movimento
retilíneo que executa
e para além do impulso
que te liberta e emociona
a marca como sempre
permanece oclusa!
E esse diluir-se
em substâncias porosas
inatingíveis;
e esse aconchegar-se
ao âmago das coisas
ou em coisas do âmago
esse estar e não estar
em infinita dialética
te imobiliza e te impede
o mergulho ontológico
que querias praticar
no ato corriqueiro
de olhar-se nu
face ao espelho!
[Ilustração: Montez Magno]
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