EPIGRAMA
Nuno Júdice
A loucura é a grandeza dos simples:
assim são eles mais do que eles,
colhendo flores brancas e reles.
Os doidos, de olhos arregalados,
crescem devagar como as árvores:
só não dão folhas nem frutos.
Amo as suas frases sem sentido:
dobram nelas os sinos abstractos
de um campanário sem janelas.
Dai-me, ó loucos, a vossa razão
— esses remos de subir o tempo
até à fonte de um deus obsceno e nu.
[Ilustração: Mark Rothko]
O som na ribalta https://bit.ly/3Ye45TD
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